quarta-feira, 18 de novembro de 2015

INVENTORES NEGROS - EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 2015

Ideias para serem trabalhadas na semana da Consciência Negra
Inventores negros










Para o dia da Consciência Negra, nossa Equipe Multidisciplinar trabalhou com os alunos  do Colégio Estadual Cristo Rei as invenções e descobertas feitas por cientistas afro-americanos.  

A surpresa dos alunos foi grande! Com esse conteúdo, didaticamente promove-se a alteridade em oposição às mazelas do etnocentrismo e racismo, destruindo-se dialeticamente o péssimo discurso que a TV brasileira faz: O negro existe para divertir o branco.

Abaixo estão alguns cientistas negros e suas invenções:

Alexander Miles, elevador;
Alice Parker, fornalha de aquecimento;
C. J. Walker, artefatos para cuidar do cabelo;
Charles Drew, preservação estocagem de sangue, implantou o primeiro banco de sangue do mundo;
Dr. Daniel Hale Williams, executou a primeira cirurgia aberta de coração;
Elbert R. Robinson, bonde elétrico;
Dr. Ernest E. Just, fertilização e a estrutura celular do ovo, mundo a primeira visão da arquitetura humana ao explicar como trabalham as células;
Frederick Jones, ar condicionado;
Garret A. Morgan,  semáforo e primeira máscara contra gases;
George T. Samon,  secadora de roupas;
John Love, apontador de lápis;
William Purvis,  caneta-tinteiro;
George Washington Carver,  métodos de cultivo que salvaram a economia do sul dos Estados Unidos na década de 1920;
Granville T. Woods,  transmissor do telefone que revolucionou a qualidade e distância que podia viajar o som;

Jan E. Matzelinger, máquina de colocar solas nos sapatos;

John Standard,  geladeira;

Joseph Gammel,  sistema de supercarga para os motores de combustão interna;

Lee Burridge,  máquina de datilografia;

Lewis Howard Latimer,  filamento de dentro da lâmpada elétrica;

Lloyd Quarteman,  primeiro reator nuclear na década de 1930;

Lloyde P. Ray,  pá de lixo;
Lydia O. Newman,  escova para pentear cabelos femininos;

McCoy,  sistema de lubrificação para máquinas a vapor;
Dra. Patricia E. Bath,  dispositivo laser para cirurgia de cataratas;

Dr. Philip Emeagwali, computador mais rápido do mundo, 3,1 bilhões de cálculos por segundo, possibilitando estudar o aquecimento global, as condições do tempo e determinar como o petróleo flui sob a terra;

Percy L. Julian,  o desenvolvimento do tratamento do mal de Alzheimer e do glaucoma;
Philip Downing, caixa de correio;

Raphael E. Armattoe,  encontrou a cura para a doença do verme da água da Guiné com sua droga Abochi;

Richard Spikes,  inventou a mudança automática de marchas;

Roberto E. Shurney,  pneumáticos de malha de arame para o robô da Apolo XV;

Sarah Boone,  tábua de passar roupas;

Thomas W. Stewart;  esfregão para limpar o chão;
W. A. Lovette,  prensa de impressão avançada;
John Burr,  máquina de cortar grama;

William Berry, máquinas de carimbo e cancelamento postal;

William Hinton,  primeiro manual médico sobre a sífilis.

O pai da medicina não foi Hipócrates, mas Imotep, médico negro que viveu dois mil anos antes do médico grego.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

LITERATURA INFANTIL

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

TRABALHO  COM LITERATURA INFANTIL DA PROFESSORA IRENE  K.DE LUCA DE OLIVEIRA

ESCOLA  MUNICIPAL RUBENS BONATTO DE FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ


FORAM VÁRIOS LIVROS ANALISADOS







PARABÉNS PROFESSORA IRENE, E DESTA FORMA QUE IREMOS CONSCIENTIZAR AS CRIANÇAS PARA UM FUTURO COM MENOR INDICE  DE DISCRIMINAÇÃO , RACIAL , SOCIAL , ETC....




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Consciência negra e cidadania

Consciência negra e cidadania


Publicado há 10 horas - em 13 de novembro de 2015 » Atualizado às 10:36 
Categoria » Afro-brasileiros e suas lutas
Consciencia-Negra
A democracia exige em uma de suas faces o respeito à opinião independente de seu teor, exceto quando há ofensa moral. Em tempos de divergências ideológicas, como se tem evidenciado na atualidade, as pessoas parecem sentir necessidade de criticar e opinar. O que poderia ser enriquecedor, desde que houvesse um aporte coerente que sustentasse tais questionamentos.
por Ricardo Alexandre da Silva Corrêa via Guest Post para o Portal Geledés
Não é de hoje que parcela da população tem manifestado críticas quando o assunto se refere ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro. Essas críticas são construídas com indagações que vão desde a exclusividade dada aos negros, em detrimento a outros grupos étnicos, até o discurso de que o respeito não pode ser resumido num único dia. Porém, o esclarecimento dessas questões demanda uma revisão histórica acerca da constituição da população afrodescendente no Brasil, mas tenho dúvidas quanto à disposição dos críticos em efetuar tal esforço, já que as redes sociais parecem ser mais atrativas com seus sensacionalismos infundados, e infelizmente compartilhados em um curto espaço de tempo.
A história dos negros no país nos mostra o quão criminoso foi o aviltamento deles, pelo homem branco, no período que teve início por volta do século 16, quando os africanos foram covardemente arrancados de sua pátria e trazidos para o Brasil para servir de mão-de-obra escrava, tendo somente sua libertação no ano de 1888. No período da escravidão surgiu o Quilombo dos Palmares, local que abarcava os negros fugitivos do cativeiro, organizando-se assim numa comunidade sob a liderança do combativo Zumbi dos Palmares. Sem sombra de dúvidas, Zumbi foi o maior símbolo de resistência ao regime escravocrata e foi assassinado no mesmo dia da data comemorativa em questão. Nesse contexto, cabe ressaltar que o Brasil foi o último país no mundo a abolir a escravidão e que mesmo após 127 anos da libertação desses homens escravizados os efeitos da perversidade escravagista ainda persiste na sociedade. A população afrodescendente continua sendo tolhida de usufruir dos direitos sociais compartilhados por outros grupos. Daí que o geógrafo Milton Santos expõe brilhantemente em seu texto — Cidadanias Mutiladas (1996/1997) — a síntese da situação da população afrodescendente no país, denunciando a quase ausência de cidadãos no Brasil. Esse ponto de vista do autor e confirma ao percebermos o cidadão como aquele que goza de direitos reconhecidos e respeitados universalmente, na qual o Estado deveria ser o provedor. No entanto, num país onde a maioria da população é descendente de africanos presenciamos a miséria, criminalidade, desemprego, preconceito, racismo, assolando esse grupo. Do mesmo modo é relevante mencionar que esses males tem uma forte contribuição daqueles críticos citados no início deste artigo e que nem se dão conta de que o reflexo da não inserção dos negros afeta a harmonia de toda sociedade.
Por fim, essa provocativa reflexão instiga a outros tipos de perguntas que estão na contramão das críticas não construtivas: Qual está sendo o papel de toda sociedade para que os afrodescendentes saiam da condição de não cidadãos e passem a fazer parte dela com paridade de direitos? Realmente, não é justo os negros serem sujeitos de uma data que promova coletivamente reflexões sobre a sua condição social decorrente da escravidão e também mobilize a sociedade a rever suas atitudes muitas vezes carregadas de preconceito racial?
Enfim, as considerações postas permite inferir que não seria nenhuma cortesia valorizarmos qualquer movimento que busque afirmar a identidade deste povo que ainda sofre no Brasil. Mas com certeza, obrigação.

Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei N12.519, de 10 de novembro de 2011. Institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12519.htm> Acesso em: 10 de outubro de 2015.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Resultados Preliminares do Universo do Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/resultados_preliminares/preliminar_tab_uf_zip.shtm> Acessado em: 10 de outubro de 2015.
SANTOS, Milton. Cidadanias mutiladas. In: LERNER, Julio (Ed.). O preconceito. São Paulo: IMESP, 1996/1997, p. 133-144.
SANTOS, Joel Rufino dos. Zumbi. São Paulo: Moderna, 1985.
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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Resgate de talentos negros

Viviane: negra, baiana e agora cientista de fama mundial

Publicado em Quarta, 26 Janeiro 2011 12:03
 

Pesquisadora da Bahia destaca-se no cenário mundial

baiana-cientista
Viviane dos Santos Barbosa, 36 anos, desenvolveu produto que reduz emissão de gases poluentes
"Não saber as coisas me incomoda". Esta afirmação sempre norteou a trajetória da baiana Viviane dos Santos Barbosa, 36 anos, que venceu a concorrência com 800 trabalhos científicos em conferência internacional na Finlândia.
Talvez o costume na infância de misturar o sumo de vários tipos de folha, derramar uma lata de óleo numa caixa de sabão em pó e o encantamento pelas experiências do pai com equipamentos eletrônicos já indicavam o caminho que seguiria.
"Estava no fundo da plateia, sem esperança, quando chamaram meu nome", contou.
Confinada de seis a oito horas em um laboratório da Delft University of Technology, na Holanda, Viviane desenvolveu catalisadores (substâncias que aceleram e melhoram o rendimento das reações) a partir da mistura dos metais paladium e platina.
"Os catalisadores existentes funcionam em altas temperaturas. Consegui desenvolver produtos que funcionam em temperatura ambiente e reduzem a emissão de gases tóxicos", relata.
O trabalho da mestre em engenharia química é na área da nanotecnologia. Trata-se de um ramo da ciência que consiste na manipulação de átomos e, a partir desse controle, realizar novas ligações entre eles, criando novas substâncias, estruturas e materiais.
"A aplicação é múltipla. Na saúde, com novas drogas, vacinas,melhoria de produtos; na informática, condensando mais informações em menores espaços, dentre outros", explicou o doutor em ciência e engenharia dos materiais e coordenador do Grupo de Nanotecnologia da Ufba, Márcio Nascimento.
O contato coma ciência começou com o pai Florisvaldo Barbosa,morto há cinco anos, que nunca ficava sozinho na manipulação de aparelhos como rádio e televisão. "Ele era muito inteligente, adorava radioamadorismo e encantava os filhos com isso", contou Nilza dos Santos Barbosa, 59 anos, mãe de Viviane e professora de português.
Assim, química foi a opção no Cefet (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Ifba) e no vestibular da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O tempo na instituição foi de apenas dois anos, mas o suficiente para Viviane sobressair-se. "Sua inteligência e dedicação são marcantes", disse Jailson Bittencourt, doutor em ciências em química analítica e inorgânica e coordenador do grupo em que Viviane foi bolsista na Ufba.
Mudança Em meados da década de 90, por conta da insatisfação com o trabalho administrativo na Petrobras e do casamento com um holandês, Viviane saiu do Brasil. "Pedi demissão e fui. Lá, entrei no curso de holandês e aprendi inglês sozinha", contou. Ainda pela inquietude nata, resolveu ultrapassar mais um obstáculo e venceu 90 candidatos estrangeiros para quatro vagas na universidade em Delft, passando em primeira colocação.
"No início, achavam que eu não conseguiria e colocaram várias dificuldades. Nas aulas, notava que as explicações dos professores eram superficiais, como se eu não pudesse dominar o assunto.
Mas encarei tudo isso como um desafio a ser superado". Assim ela concluiu a graduação e ingressou no mestrado.
O exemplo dos pais e a infância difícil serviram de estímulo.
Aos 3 anos, Viviane já sabia ler. Um ano depois, no segundo dia de aula na Escola Marquês de Abrantes (Barbalho), foi logo transferida da alfabetização para a 1ª série do ensino fundamental. A fama de aluna exemplar seguiu Viviane por toda a vida escolar.
"Sempre fui muito curiosa e queria entender o porquê de tudo", disse.
As notas azuis nos boletins amenizavam outra característica: a personalidade forte.
"Ela é danada e sempre a líder da turma. Sempre foi politizada, envolvida com as questões sociais, como o combate ao racismo", conta amãe."Faz parte contestar. No Cefet e na Ufba, fui do diretório acadêmico, do diretório central dos estudantes, das passeatas contra o aumento da passagem do ônibus", listou.
A mãe da pesquisadora também lembra as travessuras, como o pedaço de madeira que Viviane e os irmãos levavam para a escola em dia chuvoso. "Eles desciam a Ladeira da Água Brusca no meio do aguaceiro derrapando".

Fonte: Jornal A Tarde

NÃO É MAGIA É TECNOLOGIA


 

Não é magia é tecnologia – cientistas e inovadores negros


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1.Introdução
A maioria dos brasileiros nunca ouviram falar da existência de inventores negros e negras. A referência de genialidade está intrinsecamente associada ao homem branco em nossa sociedade, pois foi assim que aprendemos na escola, na TV, cinema e nas relações sociais. Sabem também que os japoneses, chineses e coreanos são inteligentes, um preconceito positivo, mas desconhecem um negro ou indígena com esta habilidade e competência. Será que não existe nenhuma invenção feita por estes grupos? Negro é apenas arte, cultura, esporte e fé?
Outro absurdo que nos deparamos é o conceito de raça. Se você perguntar para as pessoas quais raças existem entre os seres humanos, muitos vão dizer: negro, branco, amarelo e indígena. A genética moderna afirma que não existem raças entre os seres humanos e que somos 99,9% semelhantes e que a cor da pele, tipo de cabelo, formato dos lábios e nariz, cor dos olhos e formato do corpo é resultado da adaptação dos seres humanos nos mais diferentes tipos de clima e latitude por onde o Homo sapiens migrou.
Os primeiros seres humanos eram negras e negros e evoluíram na África tinham cabelo crespo e nariz largo, há aproximadamente 200 mil anos atrás. A ideia de raça e racismo é uma construção ideológica dos brancos europeus para a dominação e hierarquização das pessoas com o objetivo de criar uma hegemonia global.
Portanto é falsa a ideia que uma “raça” é superior à outra já que não existem raças entre nós Homo sapiens. Sabendo que não existe raça entre nós não faz sentido haver racismo, mas a construção da raça beneficiou economicamente e simbolicamente os brancos tidos como belos, inteligentes e líderes e prejudicou profundamente os negros e indígenas nos legando um ciclo vicioso de racismo, pobreza e violência. É fundamental que estes privilégios sejam questionados para se promover igualdade de oportunidades e se desmonte o efeito do racismo nas mentes.
No campo da ciência, tecnologia e inovação são visibilizados apenas as contribuições dos eurodescendentes e no máximo dos asiáticos. O desenvolvimento da civilização humana como a conhecemos hoje não pode ser atribuída exclusivamente a uma única “raça” ou região do mundo. Revolução em ciência e tecnologia são o resultado cumulativo das ideias de todas as grandes mentes humanas de todas as partes do planeta Terra durante os últimos dez milênios da história da civilização humana.
Antigos egípcios, que estudiosos afirmam terem se originado no coração da África, nas imediações do Monte Ruwenzori (Montanha da Lua em português) em Uganda na África Oriental, são creditados por várias invenções que lançaram bases para o desenvolvimento da ciência e tecnologia de hoje. A primeira técnica de agricultura, o arado tracionado por bois, que revolucionou a produção agrícola, foi inventada pelos antigos egípcios em 2700 a.C. Foram os antigos egípcios, que o introduziram a técnica de mineração de metais preciosos: ouro, estanho, ferro, cobre, etc. Os africanos antigos (egípcios) também foram os primeiros a desenvolver a escrita e o papel. Eles inventaram o papel da planta denominada papiro abundante ao redor do Rio Nilo. Os avanços vistos na educação ocidental e a ciência não teria sido possíveis sem os papéis da África. Além disso, os antigos hieróglifos egípcios foram um dos dois primeiros sistemas escrita inventados pelos seres humanos, sendo primeiro o dos sumérios.
Foram os antigos egípcios que inventaram a primeira tranca de madeira. Eles inventaram estes bloqueios para impedir assaltos que atormentaram seu antigo reino próspero. As fechaduras eram feitos de uma trave de madeira quase totalmente fechada exceto para o espaço para a chave e os pinos.
Além disso, primeiro grande edifício de pedra do mundo que lançou bases para a indústria da construção civil de hoje foi a pirâmide de degraus em Saqqara, perto de Mênfis no Antigo Egito. A pirâmide foi desenhada por um africano, Imhotep, arquiteto, sacerdote e pai da medicina científica, que era conselheiro do rei Djoser (da terceira dinastia do Egito por volta de 2630 a.C.) e que virou deus do panteão egípcio por seus feitos.
Foi um antigo rei egípcio, Akenaton, quem primeiro introduziu o conceito de monoteísmo, crença em um Deus, muito antes do judaísmo. Embora o deus único de Akenaton referia-se ao sol, foi uma grande inovação no sistema de crenças baseado apenas no politeísmo.
2. Inventores negros e a revolução científica e tecnológica
É importante afirmar para descolonizar as mentalidades que setores da população africana ao longo da sua história criaram e tiveram acesso à escola, escrita e universidades como Per Ankh no Egito Antigo (c. 2000 a.C.), as madrassas de Al-Azhar (970 d.C.) no Egito, Sankore (século 15 em diante) em Timbuctu, no Mali e Al Karouine (859 d.C.) em Fez, no Marrocos, foram instituições que existiam antes de haver similares na Europa e que foram omitidas pelo ensino etnocêntrico e eurocêntrico, influenciou os currículos mundiais com intenções ideológicas de afirmar que os negros eram selvagens, não dotados de inteligência, servindo apenas para serem explorados pelos brancos. A construção da hegemonia branca transformou a vida de milhões de africanos e seus descendentes na América e configurou, efetivamente, a estrutura de poder mundial que temos até os tempos atuais.
Em seu livro notável Black Inventors – Crafting Over 200 years of Success (Inventores Negros – Elaborando Mais de 200 anos de Sucesso), de Keith Clayton Holmes (2008) desvendou a origem das invenções e as contribuições dos inventores negros para o avanço global em ciência e tecnologia. Ele passou mais de vinte anos pesquisando informações sobre invenções por negros dos cinco continentes e mais de 70 países, incluindo quase todos os 50 estados nos Estados Unidos, Austrália, Barbados, Canadá, França, Alemanha, Gana, Haiti, Jamaica, Quênia, Nigéria, África do Sul, Trinidad e Tobago, citando um grande número de inventores negros do período 1769-2007, tornando o livro um das mais completos sobre a genialidade negra.
No seu livro há uma série de invenções, patentes e dispositivos que facilitaram a vida concebidos por inventores negros. Africanos antes do período de sua escravização pelos brancos desenvolveram produtos e ferramentas agrícolas, armas, metalurgia, medicina, materiais de construção, filosofia, política, matemática, astronomia, religião, engenharia, química, têxteis, odontologia, literatura, direito, urbanismo, etc. Embora milhões de negros fossem trazidos para o continente americano em correntes e sob o jugo da escravidão é relativamente desconhecido que milhares de africanos e seus descendentes desenvolveram numerosos dispositivos tecnológicos e suas invenções criaram empresas gerando dinheiro e empregos em todo o mundo.
Holmes pesquisou e descobriu que inventores negros, causaram e tem causado grande impacto no mundo. Seu livro prova que sem os inventores, inovadores, cientistas e trabalhadores de ascendência africana, na África, bem como em toda a diáspora africana, a tecnologia ocidental, tal como a conhecemos hoje, não existiria.
O livro de Holmes ressalta que o processo de invenções não se origAfrican American Inventionsinaram na Europa como aprendemos na escola, e que de 1900 a 1999, inventores pretos patentearam mais de 6.000 invenções (pelo menos 400 patentes conquistadas por mulheres negras) e entre 2000 e 2007, cientistas negros patentearam mais de 5.000 invenções. Foi através de mentes africanas que se tornou possível a atual revolução mundial em ciência e tecnologia. Cito aqui algumas invenções, inventores negros e data de patenteamento:
• Processo de lavagem à seco: Thomas Jennings; 3 de março de 1821
• Unidade de ar condicionado para caminhões: Frederick M. Jones; 12 de julho de 1949
• Almanaque: Benjamin Banneker; aproximadamente 1791
• Interruptor de lâmpada: Granville T. Woods; 1 de janeiro de 1839
• Câmbio automático: Richard Spikes; 28 de fevereiro de 1932
• Carrinho de bebê: W.H. Richardson; 18 de junho de 1899
• Quadro de bicicleta: L.R. Johnson; 10 de Outubro de 1899
• Cortador de biscoitos: Ashbourne A.P.; 30 de novembro de 1875
• Banco de sangue e embalagem para plasma sanguíneo: Charles Drew; aproximadamente em 1940
• Telefone celular: Henry T. Sampson; 6 de julho de 1971
• Secadora de roupas: G. T. Sampson; 6 de junho de 1862
• Suporte de haste de cortina: William S. Grant; 4 de agosto de 1896
• Maçaneta: O. Dorsey; 10 de dezembro de 1878
• Batente de porta: O. Dorsey; 10 de dezembro de 1878
• Pá de lixo: Lloyd P. Ray; 3 de agosto de 1897
• Máquina para fabricação de sapatos: Já Ernst Matzeliger; 20 de março de 1883
• Batedeira de ovos: Willie Johnson; 5 de fevereiro de 1884
• Filamento de carbono da lâmpada elétrica: Lewis Latimer; 13 de setembro de 1881
• Elevador: Alexander Miles; 11 de outubro de 1887
• Óculos de segurança: P. Johnson; 2 de novembro de 1880
• Escada antiincêndio: J. W. Winters; 7 de maio de 1878
• Extintor de incêndio: T. Marshall; 26 de outubro de 1872
• Cama dobrável: L. C. Bailey; 18 de julho de 1899
• Cadeira dobrável: Brody & Surgwar; 11 de junho de 1889
• Caneta: William B. Purvis; 7 de janeiro de 1890
• Máscara de gás: Garrett Morgan; 13 de outubro de 1914
• Pino de golfe: George F. Grant; 12 de dezembro de 1899
• Guitarra: Robert F. Flemming, Jr. 3 de março de 1886
• Carimbo: William B. Purvis; 27 de fevereiro de 1883
• Pilão: invenção egípcia; autoria desconhecida
• Acoplador automático de vagão de trem (Jenny coupler); Andrew Jackson Beard; 23 de novembro de 1897
• Colher de sorvete: Alfred L. Cralle; 2 de fevereiro de 1897
• Fabricação de açúcar: Norbet Rillieux; 10 de dezembro de 1846
• Enxada: Inventada por africanos; invenção milenar
• Tábua de passar roupa: Sarah Boone; 30 de dezembro de 1887
• Bateia: Inventado por mineradores africanos; invenção milenar
• Lanterna: Michael C. Harvey; 19 de agosto de 1884
• Cortador de grama: John Burr; 19 de maio de 1889
• Regador de gramado: J. W. Smith; 4 de maio de 1897
• Espremedor de limão: J. Thomas White; 8 de dezembro de 1893
• Unidade de lubrificação para locomotivas: Ellijah McCoy; 15 de novembro de 1895
• Lancheira: James Robinson; 1887
• Caixa de correio dos EUA: Paul L. Downing; 27 de outubro de 1891
• Esfregão: Thomas W. Stewart; 11 de junho de 1893
• Motor: Frederick M. Jones; 27 De junho de 1939
• Diversos produtos inventados do amendoim, como a pasta de amendoim: George Washington Carver; 1896
• Apontador de lápis: John Lee Love; 23 de novembro de 1897
• Braço de toca-discos: Joseph Hunger Dickenson; 8 de janeiro de 1819
• Refrigerador: John Stanard; 14 de julho de 1891
• Sela de equitação: W. D. Davis; 6 de outubro de 1895
• Vela de ignição para motores: Edmond Berger; 2 de fevereiro de 1839
• Estetoscópio: Imhotep; Egito Antigo
• Fogão: T. A. Carrington; 25 de julho de 1876
• Pente para alisamento de cabelo: Madame C. J. Walker; Cerca de 1905
• Carro varredor de rua: Charles B. Brooks; 17 de março de 1890
• Transmissor de telefone: Granville T. Woods; 2 de dezembro de 1884
• Controle de termostato: Frederick M. Jones; 23 de fevereiro de 1960
• Semáforo: Garrett Morgan; 20 de novembro de 1923
• Triciclo: M. A. Cherry; 6 de maio de 1886
• Bonde elétrico: Elbert R. Robinson; 19 de setembro de 1893
• Torpedo (imersível): André Rebouças: entre 1865-1866
• Máquina de escrever: Burridge & Marshman; 7 de abril de 1885
• Quimioterapia: Jane Cooke Wright; década de 1950-1960
• Microfone eletroacústico: James Edward Maceo West; 1962
• Câmera ultravioleta de controle remoto/espectógrafo usada na missão do
Apollo 16 à lua em 1972; George R. Carruthers
• Videogame (Fairchild Channel F, 1º videogame doméstico): Gerald Lawson; 1976
• Óculos 3D: Kenneth J. Dunkley; 7 de março de 1989
• Fibra ótica. Thomas Mensah: Setembro de 1987
• Laserphaco Probe (máquina de fazer operações de catarata): Dra. Patricia E. Bath; 17 de maio de 1988
• Processador de 1 gigahertz: Mark Dean; 2000.
Estas 70 invenções são algumas dos milhares de inventos criados por descendentes de africanos na América, África, Europa, Oceania e Ásia que moldaram o avanço científico global de hoje. O que mais que o negro descendente de africanos precisa fornecer para o mundo para provar que sua inteligência é igual ao do branco?
3. Cor da pele e inteligência
Quanto à cor da pele que muitos consideram falsamente como fonte de inteligência e superioridade racial, não refletem a realidade biológica. Nossa cor da pele é resultado da presença de um pigmento chamado melanina.
A cor da pele varia devido à seleção natural para adaptação biológica e sobrevivência em diferentes zonas geográficas do nosso planeta. Pessoas de pele escura são comumente encontradas em latitudes tropicais, onde a radiação ultravioleta do sol (UVA e UVB) é normalmente mais intensa para produzir eumelanina como um escudo protetor biológico contra radiação ultravioleta, enquanto para aqueles que viviam nas zonas temperadas a natureza os selecionou para produzirem feomelanina. Ao fazer isso, ajuda a evitar queimaduras solares e danos que podem resultar em alterações do DNA e posteriormente, vários tipos de câncer de pele malignos em latitudes tropicais.
Aqueles que argumentam que a pele branca equivale a mais inteligência, não entenderam o conceito darwinista básico da evolução. E ao fazê-lo nega a própria noção de superioridade do conhecimento científico que eles alegam possuir em comparação com aqueles tem pele escura. Quanto ao último, foi demonstrado que a melanina não tem relação com as funções cerebrais de qualquer ser humano. Negras e negros contribuíram e tem contribuído para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no mundo e devem ser reconhecidos por suas realizações. Vamos rever nossos conceitos e descolonizar nossas mentes?
Referências bibliográficas
HOLMES, Keith C. Black Inventors – Crafting Over 200 years of Success. New York: Global Black Inventors Research Projects, 2008.
MACHADO. Carlos. Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente. Florianópolis: Bookess, 2014.
SILVA, Renato Araújo. Isto Não é Magia; é Tecnologia: subsídios para o estudo da cultura material e das transferências tecnológicas africanas ‘num’ novo mundo. São Paulo: Ferreavox, 2013.
Fonte: Instituto Portal Afro

sábado, 7 de novembro de 2015

A escravidão

Artigo: ‘A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil’

Fonte: Geledés

Publicado há 5 dias - em 2 de novembro de 2015 » Atualizado às 12:13 
Categoria » Em Pauta
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Combater o trabalho escravo é criar um ambiente de justiça social, onde todos tenham as mesmas oportunidades
Por  WAGNER MOURA, do O Globo 
Essa é a frase mais célebre do livro “Minha formação”, do abolicionista brasileiro Joaquim Nabuco. Esse livro foi escrito no final do século XIX, portanto pouco mais de uma década depois de abolida a escravidão no Brasil. Em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a livrar-se oficialmente do trabalho forçado. A escravidão tornou-se mesmo parte fundamental da alma do nosso país. Creio que mesmo Nabuco, que se antecipou a Gilberto Freire nas reflexões sobre a influência do trabalho escravo na cultura brasileira, talvez não supusesse que no ano de 2015 suas palavras ainda fariam tanto sentido.
A população negra brasileira ainda é a grande maioria nos bolsões de pobreza e a sofrer violência policial. Recentemente, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro resolveu impedir que ônibus vindos das periferias da cidade chegassem às praias dos bairros nobres, sob pretexto de evitar assaltos. Jovens negros eram, sem qualquer justificativa, retirados dos ônibus. Ainda seguimos com plantas de apartamentos com “quartos de empregada”, quartinhos escuros e sem janelas perto da cozinha. As empregadas domésticas brasileiras, em sua grande maioria mulheres negras, somente há alguns anos foram incorporadas ao mundo das leis trabalhistas. Muitas delas ainda moram nas casas de seus patrões, trabalhando da hora que acordam até a hora de dormir. A quantidade de pessoas negras nas universidades é consideravelmente inferior à de brancos. Homens e mulheres negras ganham salários menores do que os brancos. As políticas afirmativas enfrentam grande resistência no meio político e entre a classe alta brasileira, também em sua grande maioria formados por brancos. A maior parte dos pobres de nosso país tem a pele escura. Ou seja, a escravidão dos séculos XVIII e XIX está evidentemente refletida na pobreza de afro-descendentes no século XXI.
Mas essa é uma via de mão dupla, porque a pobreza é hoje a maior responsável pela escravidão contemporânea. E, claro, a maioria dos escravos contemporâneos no Brasil é formada por negros e mulatos. Embora o país tenha avançado muito nos últimos anos no campo social, continuamos com altos índices de pobreza e, especialmente, de desigualdade. Para mim, não faz nenhum sentido ser a oitava economia do mundo e septuagésimo nono em Índice de Desenvolvimento Humano. Pobreza, sem dúvida, leva as pessoas a uma situação de vulnerabilidade em relação ao trabalho escravo contemporâneo. Ninguém se submete a uma condição degradante de trabalho se tiver uma outra opção.
Combater o trabalho escravo é, então, combater a pobreza e criar um ambiente de justiça social, onde todos tenham as mesmas oportunidades e erros históricos possam ser corrigidos. Claro que combater a pobreza no mundo é uma tarefa complexa, que envolve uma mudança gigante na ordem mundial. Mas enquanto a vacina contra a pobreza e a desigualdade não fica pronta, existem muitos remédios capazes de erradicar o trabalho escravo contemporâneo, seu efeito colateral. São vários: fiscalização, responsabilidade social por parte dos patrões, leis trabalhistas eficientes, punição exemplar aos infratores, amparo às vítimas, entre outros. Na minha opinião, porém, nenhum remédio é mais poderoso do que a informação. Porque é a informação que vai fazer com que alguém deixe de achar normal haver pessoas trabalhando em condições degradantes. Muitos trabalhadores sequer sabem que são vítimas dessa prática. Muita gente de bem no mundo inteiro sequer acredita que a escravidão ainda exista, pois associa-a, com alguma razão, aos navios negreiros de um passado distante.
Quando eu disse, com pesar, que a escravidão faz parte da cultura brasileira, também posso dizer, com orgulho, que o Brasil é um dos países líderes no combate a essa prática nefasta. Uma das ferramentas mais importantes na luta contra a escravidão é a divulgação de uma lista com os nomes de pessoas físicas e jurídicas que foram apanhadas fazendo uso desse tipo degradante de mão de obra, a “lista suja do trabalho escravo”, como é chamada. No entanto, esse extraordinário instrumento, infelizmente, foi, há pouco tempo, suspenso pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que, por sua vez, respondeu a pressões das forças interessadas na não divulgação da lista. Ninguém vai a público dizer que é a favor do trabalho escravo, mas é impressionante o lobby que existe a favor de sua manutenção. Vinte e um milhões de pessoas são vítimas dessa prática no mundo, gerando uma receita ilegal de US$ 150 bilhões por ano. A quem interessa a suspensão da lista suja? A quem tem medo de ver seu nome publicado nela, claro.

A definição brasileira de trabalho escravo é a mais avançada do mundo! Aqui, qualquer pessoa que trabalhe em condição degradante, em jornada exaustiva ou que trabalhe por dívida é considerada vítima do trabalho escravo. Já há uma pressão forte no Congresso (talvez o mais reacionário e conservador da História deste país), por parte desses interesses organizados, para que a definição brasileira seja mudada e para que seja considerado escravo apenas o sujeito proibido, por força, de deixar seu local de trabalho. Se, de fato, conseguirem mudá-la, estaremos dando mais um passo gigante para trás, como fizemos com a aprovação do novo código florestal e com a redução da maioridade penal. A quem interessa mudar a definição de trabalho escravo brasileira que tanto gera elogios no mundo inteiro? Aos que submetem os trabalhadores às condições compreendidas nela, isso também está claro.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está lançando uma campanha mundial chamada 50 for Freedom, que espera que, até 2018, líderes de 50 países ratifiquem seu novo protocolo, muito específico na condenação à prática do trabalho forçado. Parece fácil, mas não é. Até agora, só o Níger assinou. Que exemplo bonito seria se o Brasil fosse o segundo país a fazê-lo! Encontrei a presidente Dilma em Bogotá e obtive dela a garantia de que o Executivo fará a proposta chegar ao Congresso o mais rápido possível e de que ela vetará qualquer tentativa de mudança na definição brasileira de trabalho análogo ao escravo. Serão ações como ratificar essa carta que farão o Brasil seguir sua vocação progressista e se tornar exemplo no que se refere à igualdade dos direitos civis, direitos humanos e sustentabilidade. Esse, no final das contas, é o caminho que importa. E livremos os brasileiros das próximas gerações da profecia de Joaquim Nabuco.
*Wagner Moura é ator


Leia a matéria completa em:  Artigo: ‘A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil’ - Geledés http://www.geledes.org.br/artigo-a-escravidao-permanecera-por-muito-tempo-como-a-caracteristica-nacional-do-brasil/#ixzz3qopiUish 
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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

GENOCÍDIO CONGOLÊS




Quando você mata dez milhões de africanos, você não é chamado de “Hitler”


Publicado há 11 horas - em 2 de novembro de 2015 » Atualizado às 10:20
Categoria » Questão Racial
king-leopold-of-belgium-congo-genocide
O seguinte texto foi escrito por Liam O’Ceallaigh para a página Diary of a Walking Butterfly, em dezembro de 2010. O original pode ser acessado aqui
O texto foi retirado e traduzido por http://muitoalemdoceu.wordpress.com/.
Leopoldo II foi Rei da Bélgica de 1865 a 1909, data de sua morte. Ele comandou o Congo de 1885 a 1908, quando cedeu o controle do país ao parlamento belga, após pressões internas e internacionais.
Olhe para essa foto. Você sabe quem é?
A maioria das pessoas não ouviu falar dele.
Mas você deveria. Quando você vê seu rosto ou ouve seu nome, você deveria sentir um enjoo no estômago assim como quando você lê sobre Mussolini ou Hitler, ou vê uma de suas fotos. Sabe, ele matou mais de 10 milhões de pessoas no Congo.
Seu nome é Rei Leopoldo II da Bélgica.
Ele foi “dono” do Congo durante seu reinado como monarca constitucional da Bélgica. Após várias tentativas coloniais frustradas na Ásia e na África, ele se instalou no Congo. Ele o “comprou” e escravizou seu povo, transformando o país inteiro em sua plantação pessoal com escravos. Ele disfarçou suas transações comerciais como medidas “filantrópicas” e “científicas” sob o nome da Associação Internacional Africana. Ele usou o trabalho escravo para extrair recursos e serviços congoleses. Seu reinado foi mantido através de campos de trabalho, mutilações corporais, torturas, execuções e de seu próprio exército privado.
A maioria de nós não é ensinada sobre ele na escola. Não ouvimos sobre ele na mídia. Ele não é parte da narrativa de opressão repetida amplamente (que inclui coisas como o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial). Ele é parte da longa história de colonialismo, imperialismo, escravidão e genocídio na África que se chocaria com a construção social da narrativa de supremacia branca em nossas escolas. Isso não se encaixa bem nos currículos escolares em uma sociedade capitalista. Fazer comentários fortemente racistas recebe (geralmente) um olhar de reprovação na sociedade “educada”; mas não falar sobre genocídios na África cometidos por monarcas capitalistas europeus está tudo bem.
Mark Twain escreveu uma sátira sobre Leopoldo chamada “King Leopold’s Soliloquy; A Defense of His Congo Rule” [Solilóquio do Rei Leopoldo; Uma defesa de seu mando no Congo], onde ele ridiculariza a defesa do Rei sobre seu reinado de terror, principalmente através das próprias palavras de Leopoldo. É uma leitura simples de 49 páginas e Mark Twain é um autor popular nas escolas públicas americanas. Mas como acontece com a maioria dos autores politizados, nós geralmente lemos alguns de seus escritos menos políticos ou os lemos sem aprender por que é que o autor os escreveu. A Revolução dos Bichos de Orwell, por exemplo, serve para reforçar a propaganda anti-socialista americana de que sociedades igualitárias estão fadadas a se tornar o seu oposto distópico. Mas Orwell era um revolucionário anti-capitalista de outro tipo – um defensor da democracia operária desde baixo – e isso nunca é lembrado. Nós podemos ler sobre Huck Finn e Tom Sawyer, mas King Leopold’s Soliloquy não faz parte da lista de leituras. Isso não é por acidente. Listas de leitura são criadas por conselhos de educação para preparar estudantes a seguir ordens e suportar o tédio. Do ponto de vista do Departamento de Educação, os africanos não têm história.
Quando aprendemos sobre a África, aprendemos sobre um Egito caricatural, sobre a epidemia de HIV (mas nunca suas causas), sobre os efeitos superficiais do tráfico de escravos, e talvez sobre o apartheid sul-africano (cujos efeitos, nos ensinam, há muito estão superados). Nós também vemos muitas fotos de crianças famintas nos comerciais dos Missionários Cistãos, nós vemos safáris em programas de animais, e vemos imagens de desertos em filmes. Mas nós não aprendemos sobre a Grande Guerra Africana ou o reinado de terror de Leopoldo durante do Genocídio Congolês. Tampouco aprendemos sobre o que os Estados Unidos fizeram no Iraque e Afeganistão, matando milhões de pessoas através de bombas, sanções, doença e fome. Números de mortos são importantes. Mas o governo dos Estados Unidos não conta as pessoas afegãs, iraquianas ou congolesas.
Embora o Genocídio Congolês não esteja incluído na página “Genocídios da História” na Wikipédia, ela ainda menciona o Congo. O que é hoje chamado de República Democrática do Congo é listado em referência à Segunda Guerra do Congo (também chamada de Guerra Mundial Africana e Grande Guerra da África), onde ambos os lados do conflito regional caçaram o povo Bambenga – um grupo étnico local – e os escravizaram e canibalizaram. Canibalismo e escravidão são males terríveis que certamente devem entrar para a história, mas eu não pude deixar de pensar sobre que interesses foram atendidos quando a única menção ao Congo na página era em referência a incidentes regionais, onde uma pequena minoria das pessoas na África estava comendo umas às outras (completamente desprovida das condições que criaram o conflito, e das pessoas e instituições que são responsáveis por essas condições). Histórias que sustentam a narrativa de supremacia branca, sobre a inumanidade das pessoas na África, são permitidas a entrar nos registros históricos. O homem branco que transformou o Congo em sua plantação pessoal, campo de concentração e ministério cristão – matando de 10 a 15 milhões de pessoas congolesas no processo – não entra na seleção.
Sabe, quando você mata dez milhões de africanos, você não é chamado de “Hitler”. Isto é, seu nome não passa a simbolizar a encarnação viva do mal. Seu nome e sua imagem não produzem medo, ódio ou remorso. Não se fala sobre suas vítimas e seu nome não é lembrado.
Leopoldo foi apenas uma das milhares de coisas que ajudaram a construir a supremacia branca, tanto como uma narrativa ideológica quanto como uma realidade material. Eu não pretendo dizer que ele foi a fonte de todo o mal no Congo. Ele teve generais, soldados rasos e gerentes que fizeram sua vontade e reforçaram suas leis. Ele era a cabeça de um sistema. Mas isso não nega a necessidade de falar sobre os indivíduos que são simbólicos do sistema. Mas nós nem mesmo chegamos a isso. E como isso não é mencionado, o que o capitalismo fez à África e todo o privilégio que as pessoas brancas ricas receberam do genocídio congolês permanecem escondidos. As vítimas do imperialismo, como costuma acontecer, são invizibilizadas.
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