quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sugestões de músicas para trabalhar Cultura Afro e Preconceito

O trabalho com diferentes recursos em sala de aula torna-se cada vez mais necessário. Atividades envolvendo a música no processo de ensino / aprendizagem trazem importantes contribuições para o desenvolvimento sensorial, emocional e cultural dos alunos, favorecendo a melhor sistematização de idéias e conceitos.
Nessa perspectiva, as músicas aqui elencadas - de variados compositores, ritmos e estilos - e as propostas de encaminhamentos a cada uma delas atribuídas, apresentam-se como possibilidades para o(a) professor(a) ministrar conteúdos e promover debates sobre as questões étnico-raciais e a história e cultura afro-brasileira e africana.

CONTEÚDO: ESCRAVIDÃO
Sinha.mp3   Chico Buarque e João Bosco (2011)
Navio_Negreiro.mp3 Caetano Veloso

CONTEÚDO: RESISTÊNCIA NEGRA
300_Anos.mp3 Alcione
Palmares.mp3 Natiruts
Zambi.mp3 Elis Regina
Chico_Rei.mp3 Martinho da Vila
Galanga_Chico-Rei.mp3 Sergio Santos
Mestre_sala_dos mares.mp3 João Bosco e Aldir Blanc
Tributo a Martin_Luther_King.avi Wilson Simonal (Vídeo)
Pride.avi U2 (Vídeo)
Mandela_Day.mp3 Simple Minds

Conteúdo: cultura e identidade
Mama_Africa.mp3 Chico César
Sr_Tempo_Bom.mp3 Thaide e Dj Hum

Conteúdo: relações étnico-raciais 
Beleza_Mano.mp3 Chico César
Etnia.mp3 Chico Science & Nação Zumbi

CONTEÚDO: RACISMO E PRECONCEITO
Olhos_Coloridos.mp3 Sandra de Sá (versão original)
Olhos_Coloridos.mp3 Sandra de Sá e Funk Como Le Gusta
Haiti.mp3 Caetano Veloso
A_carne.mp3 Elza Soares
Racismo_e_burrice.mp3 Gabriel, o Pensador
Mao_da_Limpeza.mp3 Gilberto Gil e Chico Buarque

Obtenha a letra das músicas e o encaminhamento pedagógico clicando no link abaixo:




Anita Izabel de Mello da Silva
Técnica Pedagógica CERDE / História

quinta-feira, 4 de julho de 2013

10 anos da Lei 10.639/93

 
IHU – Unisinos – Instituto Humanitas Unisinos – Adital
Terça, 23 de abril de 2013.
“Não basta promulgar uma lei; precisa mudar a mente das pessoas e seus posicionamentos”, declara a secretária do Grupo de Trabalho Negros: História, Cultura e Sociedade – ANPUH/RS.
Uma reivindicação do Movimento Social Negro, a Lei n. 10.639/3, que inclui no currículo oficial das escolas a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira, completa dez anos. Apesar de alguns professores ainda serem resistentes à legislação, Lúcia Regina Pereira ressalta que “diferente de dez anos atrás, mais pessoas, escolas, e educadores têm ciência, se não consciência, dessa outra parcela da população que precisa se ver na história e se ver de forma positiva”.
Para ela, a instituição desta lei “prevê uma revolução na educação do país ao mostrar que o Brasil foi construído a partir de vários grupos étnicos: o grupo indígena, o grupo negro e o grupo europeu, e que essas histórias todas têm que vir à tona para entendermos como funciona a sociedade brasileira”. Em entrevista à IHU On-Line por telefone, Lúcia assinala que “muitas escolas ainda pensam que fazer uma atividade no dia 20 de novembro contempla a questão da lei, mas a proposta não é essa”.
E acrescenta: “A proposta é que se integre no currículo propriamente dito e no currículo culto da escola, nas próprias relações interpessoais, para que as pessoas tenham consciência do tratamento. Então, esta questão tem de deixar de ser uma coisa pontual e festiva. A cultura tem que ser tratada como uma questão educacional, como uma questão de organização social. A cultura, neste momento, é extremamente importante, e ela tem que perpassar todo o processo educacional”.
Lúcia Regina Pereira é mestre e doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS. Leciona nas redes estadual e municipal de ensino. Também é integrante do Grupo de Pesquisa Africanidades, Ideologia e Cotidiano – AIC (PPGH/PUCRS), coordenadora técnica de Maria Mulher –Organização de Mulheres Negras, Secretária do GT Negros: História, Cultura e Sociedade – ANPUH/RS. Ela estará na Unisinos na noite de hoje, 23-04-2013, ministrando a palestra Os 10 anos da lei n. 10.639/3: Avanços e perspectivas, às 19h30, no Auditório Central.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como e em que contexto foi sancionada a lei n. 10639/3?
Lúcia Regina Pereira – Esta lei é resultado de um processo muito longo de trabalho e de reivindicação das organizações negras do final do século XIX e início do século XX. Em meados do século XX, essa discussão foi proposta pela instituição da Frente Negra Brasileira, que atuou de forma mais incisiva politicamente. E, nos anos 1970, o movimento negro atuou politicamente e concretizou essa reivindicação sobre a questão negra da educação no sistema de ensino. Esse processo vem se desenvolvendo desde o período colonial com as Irmandades do Rosário, que sempre tiveram na pauta das suas ações a preocupação também com a educação.
IHU On-Line – Como a lei é abordada nas escolas, entre professores e alunos?
Lúcia Regina Pereira – Num primeiro momento, houve resistência. Ouvia colegas dizendo que não iriam cumprir a lei porque era uma coisa vinda de cima. Na realidade, há um desconhecimento do processo histórico da instituição da lei. Ela não veio de cima, não foi a presidência da República que propôs; foi uma reivindicação do Movimento Social Negro. As pessoas ainda ficam com “o pé atrás”, porque acham que é preciso ter leis para outros segmentos discriminados da sociedade, mas não é assim que funciona. A instituição da lei prevê uma revolução na educação do país para mostrar que o Brasil foi construído a partir de vários grupos étnicos: o grupo indígena, o grupo negro e o grupo europeu, e que essas histórias todas têm que vir à tona para entendermos como funciona nossa sociedade.
Ainda hoje há aqueles que são resistentes à lei. Porém, o lado bom é que, diferente de dez anos atrás, mais pessoas, escolas e educadores têm ciência, se não consciência, dessa outra parcela da população, a qual precisa se ver na história e se ver de forma positiva.
IHU On-Line – Como a história e cultura afro-brasileira eram abordadas na educação nacional antes da instituição da lei n. 10639/3, e o que mudou no ensino após a instituição da lei?
Lúcia Regina Pereira – A história era vista com muitos estereótipos. Primeiro, quando os negros apareciam na dita história, apareciam como acessórios. A história africana foi ligada à história das grandes navegações. Então, a história do negro aparecia a partir do colonialismo. Nas imagens pejorativas, o negro era visto como escravo, como o mau trabalhador e como uma pessoa que não tinha condições devido à falta de civilidade, de trabalhar e progredir. Embora existam restrições, ainda hoje algumas pessoas não aceitam a revisão histórica e veem a sociedade de uma forma eurocêntrica e acham que as coisas devem continuar do jeito que estão.
Por outro lado, existem pessoas imbuídas desta ideia de ver o Brasil, de fato, na sua multiculturalidade e, nessa, a população negra – que é 53% da população – tem um papel fundamental naquilo de bom, que é a preservação da cultura, as relações interpessoais, a questão da religião, a questão da culinária etc.
A lei entrou para o calendário oficial da escola e, mal ou bem, elas são obrigadas a olhar para este tema. Algumas estão trabalhando durante todo o ano, outras trabalham de forma pontual. Então, muito mais pessoas, tanto professores do Censo quanto alunos, acabam tendo um contato, mínimo que seja, com a cultura afro-brasileira.
IHU On-Line – Quais os avanços e perspectivas dez anos após a instituição da lei n. 10639/3?
Lúcia Regina Pereira – Eu diria que a perspectiva é de avanço, até porque ela é uma lei revolucionária. Eu gosto muito de dizer isso, visto que ela muda todo o sistema de ensino do país, desde a educação infantil até o ensino superior. Em termos de mudança social, as pessoas serão obrigadas a mudar seus pensamentos, suas visões simbólicas do mundo e das relações sociais no Brasil. Então, isso é revolucionário. Não se trata apenas de incluir conteúdos na sala de aula, mas também de pensar o fazer individual, o fazer de cada pessoa no dia a dia. Como eu trato aquele que é diferente? Como eu trato as questões étnico-raciais na sala de aula? Além da questão do conteúdo propriamente dito, as pessoas terão que olhar para seu comportamento e ver até que ponto – ou até onde – vão as limitações em aceitar o outro como produtor de história, como produtor de cultura, que é uma cultura relevante. E, se não fosse essa cultura, com certeza o Brasil seria diferente.
IHU On-Line – Quais são hoje as principais reivindicações do movimento afrodescendente?
Lúcia Regina Pereira – Em matéria de publicação, diferente de dez anos atrás, existe um bom número de publicações relacionadas à questão do negro. Esse é um ponto extremamente positivo. Outro ponto é que a lei se efetive de fato, porque, dada a resistência da cultura brasileira, alguns municípios de tradição germânica ou outra qualquer pensam que não é importante falar de negros na sua localidade. Estamos aprendendo a história do país, e na história do país precisa estar incluída a de todos os segmentos. É importante fazer com que isso realmente se efetive. Não basta promulgar uma lei; precisa mudar a mente das pessoas e os seus posicionamentos.
Muitas escolas ainda pensam que fazer uma atividade no dia 20 de novembro contempla a questão da lei, mas a proposta não é essa. A proposta é que se integre no currículo propriamente dito e no currículo culto da escola, nas próprias relações interpessoais, para que as pessoas tenham consciência do tratamento. Então, esta questão tem de deixar de ser uma coisa pontual e festiva. A cultura tem que ser tratada como uma questão educacional, como uma questão de organização social. A cultura, neste momento, é extremamente importante, e ela tem que perpassar todo o processo educacional.
Os professores e professoras que estão se formando precisam ter conhecimento dessa lei, para quando forem exercer a sua profissão saberem como trabalhar a temática dentro da sala de aula. Então, é uma via de duas mãos. A questão da pesquisa também é fundamental. Por muito tempo se pesquisou a população negra da sociedade como se ela fosse um apêndice invisível, e hoje nós temos pesquisas direcionadas que vão reverter em prol dessa população que tanto foi excluída na sociedade brasileira.
Notícia colhida no sítio http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=74888

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Projetos promovem ensino de cultura afro-brasileira nas escolas

Projetos promovem ensino de cultura afro-brasileira nas escolas


por Luana Costa, do Blog Educação
projeto Projetos promovem ensino de cultura afro brasileira nas escolasprojetos
A Lei nº 10.639, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nos currículos do ensino fundamental e do ensino médio, completou uma década em 2013. Apesar do tempo, o tema ainda está longe das salas de aulas. De acordo com o Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público, pouco mais de 11% da verba reservada para projetos educacionais que promovam a igualdade racial foi usada em 2012.
Porém, alguns projetos educativos decidiram atuar por conta própria no fomento à cultura afro-brasileira nas escolas. É o caso da Associação Harmonicanto, do Rio de Janeiro (RJ), que criou o projeto Cantar e Contar Clementina – Outra Forma de Aprender, realizado no contraturno das escolas públicas. “Utilizamos a história da cantora e compositora Clementina de Jesus para trabalhar questões históricas, sociais, raciais, de discriminação, de gênero e de resgate da cultura afro-brasileira”, explicou Ellis Amorim, assessora técnica do projeto. O trabalho é feito com 70 crianças de 4 a 12 anos de idade. “O projeto faz com que esses alunos tornem-se cidadãos conscientes de seus direitos, deveres e possibilidades futuras”, contou.
Para Cássia Oliveira, coordenadora executiva da associação, o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas é importante não só para conscientizar os alunos, mas também para elevar a autoestima dos afrodescendentes. “A cultura afro-brasileira, a despeito de sua influência na formação de nosso patrimônio cultural, foi discriminada ao longo da história. Proporcionar a valorização desta cultura na escola é resgatar nossas origens e contribuir para a elevação da autoestima afrodescendente”, disse.
A atividade está dando resultados e, hoje, é possível que as crianças passem a se identificar com a história da cantora. “Dentre outras abordagens, relatamos experiências da infância relacionadas à família de Clementina, comparando-as com a realidade vivida pelas crianças hoje. Ao apresentarmos fotos da artista, os alunos puderam observar seus traços fortes, herança característica de afrodescendentes, como a cor negra, lábios grossos, cabelos crespos. A maioria prontamente conseguiu identificar pontos em comum com as características de Clementina em si mesmos ou na família”, relatou Oliveira.
No Distrito Federal, a Secretaria Especial da Igualdade Racial – SEPIR-DF desenvolveu o projeto SEPIR nas Escolas, cujo foco é o debate de questões étnico-raciais com alunos da educação básica. “A necessidade de inserir a cultura afro-brasileira nas escolas é tão forte que muitas instituições entram em contato para irmos até lá promover nossas ações”, declarou a gerente de desenvolvimento econômico, social e étnico-racial, professora Waldicéia de Moraes Texeira da Silva.
As atividades do projeto envolvem palestras, oficinas, jogos e brincadeiras com temas que não são abordados nos livros didáticos. “Falamos sobre a importância do sistema de cotas, dos movimentos sociais negros, entre outros temas, com base na história, filosofia e sociologia”, disse a professora. “Nosso objetivo também é desconstruir o processo de criminalização dos movimentos sociais no Brasil”, completou.
Para Silva, quando a criança entra na escola, ela enfrenta o preconceito de forma mais agressiva. E é justamente nesse período que se deve promover a conscientização. “Há pesquisas que apontam que o caráter do adulto é formado entre zero e seis anos de idade. Por isso, é no início da vida que a formação deve ser feita. Acredito que, dessa forma, podemos diminuir o preconceito racial ainda tão presente em nossa sociedade”, declarou. A professora afirma, ainda, que é necessário promover uma formação melhor entre os educadores. “Nossos professores não foram formados para tratar de questões raciais na escola. Por isso, a SEPIR também trabalha dentro de instituições de ensino superior para formar futuros pedagogos que levem a questão para dentro das escolas”, afirmou.
O coordenador de relações estratégicas da ONG Educap, Reginaldo Lima, afirma que trazer as questões étnico-raciais para a escola é, também, aproximar a realidade do aluno do ambiente escolar. “Na escola, não existe um universo que trate diretamente das questões afro-brasileiras. Mas tratar de cultura negra é promover um espaço democrático, que eleve a autoestima do aluno, muitas vezes evadido por não se identificar com a escola”, disse.
Para ele, é extremamente necessário que a questão entre no Projeto Político Pedagógico – PPP das escolas. “Entendo que a escola é um ponto de partida para fomentar a discussão do preconceito. Precisamos privilegiar a discussão, não colocar um indivíduo acima do outro. Essa é uma forma de evoluir. Precisamos tornar as crianças e adolescentes geradores das soluções de seus próprios problemas”, disse. A ONG Educap atua no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, com projetos focados na diminuição da evasão escolar.
* Publicado originalmente no Blog Educação.
(Blog Educação)

Faltam professores qualificados em cultura afro-brasileira


13/05/2013 17h47 - Atualizado em 13/05/2013 17h47

Faltam professores qualificados em cultura afro-brasileira, diz especialista

Lei determina o ensino da cultura afro em escolas públicas e particulares.
UFSCar oferece cursos em educação para as relações etnicorraciais.

Do G1 São Carlos e Araraquara
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O ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, particulares e públicas, é previsto em lei desde 2003.  As aulas ajudam a ampliar a tolerância e o respeito, além de melhorar a convivência entre as crianças. Apesar da obrigatoriedade, a coordenadora do Centro de Cultura Afro de Araraquara (SP), Alessandra Laurindo, diz que ainda faltam professores capacitados. “A grande maioria ainda não tem conhecimento sobre o tema para poder passar para os alunos”, afirmou.
O estudante Domini Laurindo Alto, de 9 anos, foi vítima de preconceito antes de mudar para uma escola que oferece o ensino da cultura afro. “Falavam que eu era negrinho e me chamavam de macaco. Agora ninguém me maltrata, ninguém me xinga”, contou.

Desde o ano passado, a professora Maria Fernanda Luiz leva livros e atividades temáticas para a sala de aula. “Alunos que tinham postura discriminatória e, até um ponto, racistas, mudaram e atualmente questionam atitudes assim que eles veem”, disse a Maria Fernanda.
Professora de Araraquara leva livros de cultura afro à sala de aula (Foto: Paulo Chiari/EPTV)Professora de Araraquara leva livros de cultura afro à sala de aula (Foto: Paulo Chiari/EPTV)
Em meio a brincadeiras, as crianças aprendem uma lição importante. “Todo mundo é humano, só as características é que são diferentes”, afirmou o estudante Otávio Monteiro, de 9 anos.

Região
A Secretaria de Educação de São Carlos informou que desenvolve várias atividades sobre a cultura afro nas escolas municipais. O projeto mais recente, chamado “Caixa de Africanidades”, consiste em seis baús com instrumentos musicais, livros e outros elementos da cultura africana, que vão percorrer as escolas durante este ano.

Em Rio Claro, a Prefeitura informou que a lei está sendo aplicada na rede municipal desde o ano passado e que o tema é abordado em várias matérias. Ainda de acordo com a Prefeitura, os professores estão sendo preparados desde 2012.

Qualificação
O Núcleo de Estudos Afrobrasileiro (Neab), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), oferece em parceira com a Universidade Aberta do Brasil (UAB) o curso de especialização em Educação para as Relações Etnicorraciais, voltado para professores da rede pública municipal ou estadual. As aulas são ministradas a distância, com provas presenciais em polos de apoios em 13 municípios. O curso tem duração de dois anos.
“No dia 15 de junho formaremos a primeira turma do curso de especialização. São mais de 400 professores da rede municipal de ensino do Estado. Além disso, o Neab está realizando um curso de formação de mais de três mil professores da região”, explicou Thais Fernanda Leite Madeira, coordenadora adjunta dos cursos.
Mais informações podem ser obtidas no site do Núcleo de Estudos Afrobrasileiro.
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Há 10 anos, lei prevê o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas, em Araraquara (Foto: Paulo Chiari/EPTV)Há 10 anos, lei prevê o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas (Foto: Paulo Chiari/EPTV)
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quinta-feira, 27 de junho de 2013

O QUE FAZER PEDAGOGICAMENTE COM A DIVERSIDADE NA SALA DE AULA.

           O QUE FAZER PEDAGOGICAMENTE COM A DIVERSIDADE NA
                                   SALA DE AULA
   "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda
                                                                     por sua religião.
     Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser
                                                                  ensinadas a amar.”
                                                                     Nelson Mandela

         Cara/o colega educadora/r, estamos iniciando uma nova caminhada e
com ela todas as possibilidades e desafios que lhe são inerentes.
         Durante o ano que passou, tivemos a oportunidade de conhecer e
admirar inúmeros trabalhos desenvolvidos com excelência e muito empenho de
diversas escolas da rede estadual de ensino do Paraná e, sem dúvida alguma,
isso nos enche de orgulho. Nesse contato direto com professoras/es, também
recebemos a solicitação de que temas como a diversidade fossem discutidos
durante a semana pedagógica por todo o corpo docente em conjunto com
funcionárias/os.
         É de conhecimento de todas e todos que a educação deve ser
contextualizada, considerando a/o estudante como sujeito, protagonista de sua
formação, como ser humano e cidadã/ão, isto é, colocando as/os alunas/os
com seus limites e possibilidades no centro do processo, buscando a
construção contínua e processual de sua própria autonomia.Também sabemos
que há uma nítida associação entre preconceito e discriminação com o
desempenho escolar, conforme revela a pesquisa realizada pela FIPE –
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, por solicitação do INEP –
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, em 2009, com base
nos dados da Prova Brasil de 2007. Nas escolas em que se observou maior
conhecimento de práticas discriminatórias vitimando funcionárias/os e
professoras/es, as avaliações foram menores. Nas escolas em que as/os
alunas/os apresentaram maiores níveis de preconceito, as avaliações também
foram menores. Essa pesquisa nos mostra, que onde há preconceito e
discriminação, todas e todos são prejudicadas/os,
         Não obstante se saiba da necessidade e vontade de combater o
preconceito e a discriminação, há uma grande questão que anseia muitas/os
educadoras/es: O que fazer com a diversidade na sala de aula?
         Questões como: Por qual nome devo chamar ou qual banheiro a/o
transexual deve usar? O que fazer quando uma/um aluna/o é chamado de
apelidos pejorativos que se relacionem a sua raça ou etnia? Qual procedimento
adotar quando se matricula uma/um estudante cigana/o? As/os alunas/os do
campo precisam das mesmas informações que as/os alunas/os da cidade? A
qualidade de ensino das escolas da ilhas pode ser inferior a das demais?
Podemos dispensar da aula alunas/os que estão em feriados ou eventos
religiosos não católicos? O que e em qual língua uma/um indígena precisa
aprender? Devemos falar de indígenas somente em escolas indígenas? Da
população campo, somente nas escolas do campo? De quilombolas somente
em escolas quilombolas? Devo parar de dar aula da minha disciplina para
ensinar sobre a cultura indígena e africana?
         Essas e centenas de outras perguntas e dúvidas dificultam o dia-a-dia
escolar e ao não respondê-las excluímos, muitas vezes, do processo educativo
milhares de estudantes.
         Este texto não pretende, e nem poderia, dar resposta a todas as
dúvidas sobre o tema, mas afirmar que a diversidade deve ser vista como um
ponto positivo e não uma dificuldade. A diversidade não é um problema, ela é
uma riqueza!
         As pessoas diferem entre si, têm histórias diferentes, famílias
diferentes, personalidades diferentes e irão reagir às influências recebidas e ao
processo educativo, de formas diferentes. Essa diferença nos remete a uma
rica pluralidade, pois embora diferentes, somos iguais em nossos direitos.
Mulheres e homens são diferentes entre si, indígenas, negros ciganos e
brancos são diferentes entre si, heteros e homossexuais, são diferentes entre
si, jovens e idosos são diferentes entre si, mas todas e todos são iguais em
direito. É esta riqueza plural que deve ser valorizada e compartilhada e sempre
contemplada no projeto pedagógico.
         Tão importante quanto assegurar o direito a educação desses sujeitos
é reconhecer e valorizar as diferenças de gênero, raça/etnia, cultura, religião,
etc, e enfrentar e combater as desigualdades.
         Nosso objetivo é despertar o interesse sobre a diversidade e fazer com
que todas/os as/os educadoras/es (professoras/es, funcionárias/os e
gestoras/es) busquem uma formação maior para lidar com essas questões, e
tenham na Secretaria de Estado da Educação a grande aliada para juntos
encontrarmos soluções para que possamos garantir o acesso e a permanência
desses sujeitos, isto é, o direito a educação.
         Estamos falando de uma educação que realmente aconteça para todas
e todos. Em se tratando dos sujeitos da diversidade, precisamos fazer uma
pequena contextualização.
         O Ministério da Educação criou em 2004, a SECAD, hoje SECADI –
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão,
com o objetivo de abrir uma discussão nacional sobre os sujeitos a inclusão
educacional e consequentemente, social dos sujeitos da diversidade, além de
abrir uma agenda de discussão sobre as situações de risco e vulnerabilidade
social a que estes sujeitos estão expostos. Em 2007, a SEED criou o DEDI –
Departamento da Diversidade, que atua na defesa e promoção dos direitos
humanos dos sujeitos da diversidade: povos indígenas; ilhéus e ribeirinhos,
trabalhadoras/es rurais e sem Terra, pequenas/os agricultoras/es,
cipozeiras/os, as/os faxinalenses, pescadoras/es, acampadas/os e
assentadas/os; ciganas/os; povos das comunidades remanescentes de
quilombos e população negra; mulheres e homens (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais e heterossexuais), discriminados pela sua cor, raça,
etnia, orientação sexual, gênero e condição social e cultural .
         A missão do departamento é dar visibilidade aos sujeitos, despertando
o interesse pelos temas da diversidade e desenvolver competências e valores
de solidariedade, cooperação, respeito e união.
         Atualmente o Departamento da Diversidade encontra-se estruturado
em seis equipes técnicas: Coordenação Pedagógica; Coordenação da
Educação Escolar do Campo; Coordenação da Educação Escolar Indígena;
Coordenação da Educação das Relações da Diversidade Étnico-Racial e
Coordenação da Educação das Relações de Gênero e Diversidade Sexual, e
Coordenação do Projovem Urbano.
         Ao longo do trabalho que este departamento vem fazendo, muitas
ações foram desenvolvidas, como: a instituição das equipes multidisciplinares,
com o intuito de fazer a implementação das Leis Federais 10.639/03 e
11.645/08, visando incorporar as dimensões da História e Cultura Afro-
brasileira, Africana e Indígena no currículo de educação básica e nas práticas
político-pedagógicas das/os educadoras/es; a normatização da utilização do
Nome Social de travestis e transexuais nos registros escolares, em nossa rede;
planejamentos de formação continuada; produção de material; elaboração e
implementação de marcos legais que normatizem a política educacional para a
diversidade; realização de editais de contratação específicos para as
populações do campo, indígenas e quilombolas; organização de ensino
profissionalizante específico para a população indígena; implementação do
projeto de protagonismo juvenil; convênios para o desenvolvimento de
programas e projetos educacionais específicos para a juventude.
         Entre tantas outras ações, a SEED através do DEDI, vem
implementando essas políticas públicas afirmativas com vistas à
universalização da Educação Básica prevista em legislação e também como
uma prática de inclusão educacional, considerando a importância da garantia
de uma escola pública e de qualidade para todas e todos.
         Sabemos que muitos trabalhos com grande compromisso e com muita
seriedade já foram desenvolvidos, mas também sabemos que muito há que se
melhorar no suporte que as escolas precisam.
         Então o que fazer com a diversidade no processo educacional?
         É importante que tenhamos bem definido que o processo educacional
não acontece apenas durante o período de uma determinada disciplina. O
processo educacional se dá desde o momento em que a/o estudante ou sua/eu
responsável vai fazer a matrícula. Como essas/es estudantes são recebidos ao
chegar na escola, ao receber a merenda, na biblioteca, pelas/os colegas, como
a equipe pedagógica e administrativa auxilia na mediação ou resolução de
conflitos, as ações que são tomadas de forma preventiva ou para resolver
casos de preconceito ou discriminação, se as/os responsáveis pelas infrações
são punidas/os, se há o mesmo tipo de tratamento para todas as pessoas, se
casais hétero ou homossexuais têm as mesmas liberações ou proibições.
         Pouco adianta falarmos em sala de aula que todas e todos têm direitos
iguais, quando na prática, mostramos às/aos estudantes que agimos de
maneira desigual.
         Portanto, todos os sujeitos da escola são educadoras/es, mesmo que
não lecione nenhuma disciplina. E é imprescindível que o planejamento e a
implementação das ações de toda a escola para o enfrentamento e superação
de todas as formas de preconceito e discriminação seja feito de forma coletiva.
         Essa definição é fundamental para compreendermos que é possível
que nossos alunos gays não consigam se concentrar porque não usaram o
banheiro por medo de repressão, ou que nossas/os alunas/os que vêm do
campo não são preguiçosas/os, mas passaram muito tempo no transporte
escolar e já chegam à escola cansadas/os, ou várias outras situações. É
preciso muita criatividade, energia e habilidade das/os educadoras/es, para
apostar no potencial das/os estudantes e para fazê-las/os ver e crer que vale a
pena buscar alternativas de inserção social.
        Cabe a todas/os as/os educadoras/es buscar informações que possam
complementar, basear, figurar, reforçar, o conteúdo disciplinar em sala de aula.
        Dados sobre todos os sujeitos da diversidade podem e devem ser
explorados e trabalhados pelas diferentes ciências da forma mais adequada a
cada realidade escolar. As fontes de pesquisas desses dados, também são
diversas. Institutos de pesquisa como IBGE, INEP, IPEA, IPARDES, FIPE,
outras instituições como UNESCO, OMS, as próprias secretarias estaduais, de
educação, saúde, de relações com as comunidades, etc.
        Podemos utilizar dados como: 28,6% da população do Paraná é negra;
que 25% das mães que tiveram bebês em 2010, têm entre 10 e 19 anos; 90%
das/os jovens entre 15 e 29 anos morrem de causas não naturais; 60% dos
jovens presos no país são negras/os; que tivemos 539 novos casos de AIDS,
no Paraná, em 2010; temos aproximadamente 15 mil indígenas no nosso
estado, divididos em 3 etnias: Kaingang, Guarani e Xetá; temos 36
comunidades quilombolas certificadas; em 2009, dos 198 casos de homicídios
de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, registrados no
Brasil, 25 casos foram no Paraná, em 2010 dos 240 casos brasileiros, 17
ocorreram no Paraná; em 2010 o Centro de Referência de atendimento a
violência contra a mulher da Região Metropolitana de Curitiba atendeu 246
mulheres em situação de violência doméstica; em 2010 foram registrados
12487 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, segundo
dados do disque 100 no Brasil, em 2011, apenas no primeiro trimestre, foram
registrados 4205 casos, a cada 8 minutos uma criança é vítima de abuso
sexual no Brasil; que há aproximadamente 5500 alunas/os em escolas de
assentamento; crianças indígenas são queimadas por madeireiros; das quase
2200 escolas da rede estadual de ensino do Paraná, mais de 600 são escolas
do campo;
        Enfim, cada uma dessas informações e tantas outras que são
atualizadas constantemente, podem ser exploradas através de gráficos,
tabelas, textos informativos para leitura ou produção, pelo seu aspecto
geográfico, sociológico, histórico, filosófico, artísticos, biológicos, etc.
        Ao ensinar poesia, ou para uma simples atividade de resolução de
problemas ou interpretação textual, dados como esses podem servir de base,
um texto sobre a população indígena, uma poesia de uma/um escritora/r
negra/o. Não devemos falar sobre a população negra apenas em novembro,
assim como não devemos falar sobre indígenas, apenas em abril.
        As atividades para o trato positivo da diversidade devem se dar em
duas frentes: uma que é o combate e enfrentamento a todas as formas de
preconceito e discriminação; e a outra, que é voltar o olhar para o respeito e
admiração a todas as contribuições que negras/os, ciganas/os, indígenas,
gays, lésbicas, ilhéus, assentadas/os, enfim, todos os chamados sujeitos da
diversidade, já fizeram e ainda fazem para a construção de nosso país.
Precisamos ensinar a amar, como nos disse Nelson Mandela, e para amar,
precisamos conhecer.
        Professora/r, funcionária/o e/ou gestora/r lembrem-se que vocês devem
exercer direitos e deveres da cidadania, participar de processos e instituições
que caracterizam a vida pública numa sociedade democrática e continuar
aprendendo ao longo da vida, tanto pela inserção no sistema de ensino formal
quanto pela identificação e o aproveitamento de outras oportunidades
educativas, porque também é pelo modelo que educamos.
         Vocês já perceberam como nossa expectativa a respeito do seu
trabalho como professora/r, funcionária/o e/ou gestora/r, é grande. Por isso
estamos fazendo nossa parte com muita atenção, respeito e carinho e
queremos que vocês nos ajudem a aprimorar essa relação por meio do seu
trabalho em todos os ambientes da escola, nos momentos de formação
continuada presencial ou a distância, nas consultas públicas ou ainda nos
enviando sugestões. Sempre com a responsabilidade, competência, seriedade,
que lhes são inerentes e de forma integrada ao nosso. É nessa perspectiva que
pensamos esse texto inicial. Já há muito material publicado no site do dia-a-dia
educação sobre esses temas, inclusive os cadernos temáticos que já foram
distribuídos para as escolas, mas cada unidade escolar pode entrar em contato
com seu núcleo regional e fazer a solicitação de materiais e/ou de formações
para o coletivo de educadoras/es.
         Haverá ainda, muitas formações em ação, muitos momentos e espaços
de discussão e muita construção coletiva, sempre priorizando o maior objetivo
da educação: o direito da/o estudante em aprender. Afinal, estamos aqui para
fazer juntos, a educação do Paraná, ser a melhor educação do Brasil.
Contamos com todas e todos nesse processo do trato positivo da diversidade.
         Questões orientadoras
         1.        Façam uma análise sobre quais as formas de preconceito e
                   discriminação como racismo, machismo e homofobia que
                   existem na sua escola. Em que as/os educadoras/es
                   contribuem positiva e/ou negativamente nessas situações?
                   Qual é o meu nível de preconceito e discriminação pessoal?
                   Quando uma/um educadora/r faz um elogio ou uma piadinha
                   sobre uma/um estudante, como as/os demais reagem?
         2.        As/os educadoras/es estão preparadas/os para lidar
                   legalmente com essas situações? Onde buscar informações
                   e amparo legal para as providências necessárias a serem
                   tomadas nesses casos?
         3.        Pedagogicamente, trabalhamos com a construção coletiva
                   disciplinar voltada para o desenvolvimento dos saberes,
                   competências, conhecimentos e valores de solidariedade,
                   respeito e cooperação condizentes com o trato positivo da
                   diversidade?
         4.        Que plano de ação vamos traçar, visando superar todas as
                   formas de preconceito e discriminação em nossa escola?
                   Qual o papel de cada um nós, nesse plano?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Curso de Capacitação para Agentes I e II sobre a História da Cultura Africana - Lei n 10.639


CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA AGENTES  I e II 
Sobre Cultura Afro - Lei 10639 - Preconceito - Oficina de Pulseiras Afro  recicláveis
Promovida pelo Núcleo de Educação de Francisco Beltrão nos dia 12 - 14 - 18 - 20
Colégio Estadual  Humberto de Campos- Santo Antonio do Sudoeste
Colégio Estadual de Renascença
Colégio Estadual Reinaldo Sass  Francisco Beltrão
Colégio Estadual Rocha Pombo de Capanema
Palestrante: Helena Zajaczkowski