quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Profª Noely Eva Almeida Disciplina Matemática

Cultura Afro-brasileira e a Matemática trabalho  de proporção realizado pelos alunos do 9º ano








Profº Cleberson Diego Gonçalves Disciplina Artes



Vídeo de Arthur Bispo de Rosário na 30ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo


 
ARTHUR BISPO ROSÁRIO (O ILUSTRE DESCONHECIDO)
 
Por Fernando Schubach
Ouvindo vozes do inconsciente, Bispo inicia a construção de um universo e em suas viagens, em suas lutas o seu cotidiano é retomado com tal intensidade que transborda e dissipa a esfera pessoal. Da sua vida faz uma imprevista experiência, produzindo com ela, a partir de seus fragmentos, uma obra que inaugura discursos para realidades de que nos faz co-participantes. Produto de sua produção torna-se artista.
Arthur Bispo do Rosário criou um universo particular e ao mesmo tempo universal. É íntimo por partir de motivações profundamente enraizadas em seu inconsciente e alcança o outro na medida em que se concretiza na desconstrução e reconstrução de elementos percebidos e incorporados à vida cotidiana da sociedade de consumo, ao mesmo tempo em que se origina em códigos incorporados à civilização judaico-cristã. Foi diagnosticado como portador de esquizofrenia paranóide - caracterizada pela ocorrência de visões, alucinações, sentimentos de perseguição e em que é comum o doente escutar vozes. A partir desse período, começa a produzir seu trabalho artístico, motivado por um pedido de Deus para que reconstruísse o universo e registrasse a passagem divina pela terra. Aí, começa a história de Bispo do Rosário como artista plástico. Estima-se que elaborou cerca de 1.000 peças, que permaneceram como propriedade da Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, hoje desativada como instituição manicomial e transformada no Museu Arthur Bispo do Rosário. Bispo faleceu em 1989.
O Bispo do Rosário é considerado pela crítica um dos principais artistas brasileiros do século XX, saudado nacional e internacionalmente, mas apreciado por um público ainda restrito a intelectuais. Um dos motivos mais significativos para o reconhecimento de sua importância é que o Bispo foi um artista de vanguarda, de forma absolutamente intuitiva, sem receber qualquer treinamento técnico, conviver com outros artistas, ler livros especializados ou freqüentar espaços de arte. Começou a produzir, de forma praticamente ininterrupta, a partir dos anos 40, e nesse trabalho incluiu elementos pop, movimento estético que só surgiria na Inglaterra por volta da década de 1960. Sua genialidade se expressa na forma como trabalha os elementos, os novos suportes utilizados, a configuração contemporânea de sua arte, a harmonia do conjunto das peças. Arthur Bispo foi redescoberto a partir do trabalho do crítico Frederico Morais na década de 80, que organizou uma exposição e lançou uma possibilidade de compreensão e sistematização do conjunto da obra. Todavia, Rosário é desconhecido pela maioria do público brasileiro e, curiosamente, também em sua terra natal, Sergipe.
Rosário recolheu e retrabalhou objetos, fragmentos e restos do mundo industrial. Sua reconstrução era precedida do recolhimento de materiais descartados, encostados, inservíveis, simplesmente encontrados no lixo ou da obtenção de linha pelo desfiar de roupas, inclusive dos uniformes dos internos da instituição psiquiátrica em que vivia, para utilizar em bordados. Limpava o mundo, reciclava-o e reedificava-o. Reconstruir era também organizar as coisas. Dessa idéia de ordenamento, decorre muito da harmonia estética de sua produção.
Foge dos suportes tradicionais, cria objetos tridimensionais, é precursor do que se chama hoje de instalação. Fez isso sem freqüentar escola de arte, ir a museus ou exposições, ler livros, aprender a pintar, a desenhar, a esculpir.
O resultado parece simples, decorativo, despretensioso, lúdico, mas é sempre minuciosamente trabalhado e a concepção é sofisticada e elaborada. Negando-se a tomar os remédios que lhe entregavam para o tratamento, ele mergulhou no delírio como opção de criação. O preconceito criado pela loucura desse artista pode tentar diminuir a dimensão de sua arte.
Múltiplos Olhares
A obra de Arthur Bispo do Rosário pode ser apreciada sob diversos pontos de vista.
Sob a perspectiva psicológica, possibilita a análise de como as imagens da loucura do artista transportaram-se para os objetos. Na perspectiva estética, é possível discutir e avaliar sua contribuição para a arte brasileira de vanguarda. Pela ótica mítica, pode-se tentar recompor o seu universo onírico e buscar traduzir sua simbologia e sua cosmovisão, de significados cristãos e profanos.
Há outras abordagens possíveis. O leigo, talvez, prefira apreciar as cores, composições, simetrias e os aspectos lúdicos de sua arte. No entanto, é impossível não ficar curioso e surpreendido pelo recolhimento e aproveitamento de objetos, pelo esforço colecionador e pela disposição ordenada de coisas, pela profusão e riqueza de detalhes, operados com minúcia e cuidado. Não se pode igualmente negar o seu talento, que se expressa de múltiplas formas e em variados suportes.
Após o impacto inicial das primeiras exposições, foram escritos artigos, ensaios e trabalhos científicos diversos. Bispo do Rosário virou livro, peça de teatro e vai virar filme este ano, pelas mãos do cineasta Geraldo Motta. Muito ainda terá que ser feito para revelar a grandiosidade de sua produção artística.

Fonte:   Fashion  Genesis, Moda e Consultoria de Estilo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Kabengele Munanga O Negro no Brasil de Hoje



Publicado em 20/09/2012 por
Assine meu blog e baixe todas as aulas: http://ubiratangeo.blogspot.com.br/2012/10/assinatura-premium-do-blog-voce-po...

Enviado por em 07/12/2011
Palestra do Profº. Dr. Kabengele Munanga, da Universidade de São Paulo, no Seminário Juventude Negra: Preconceito e Morte, realizado no Memorial da América Latina.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Religiosidade Afro brasileira - Museu Afro Brasil

Neste vídeo, você vai conhecer uma parte do núcleo Religiosidade Afrobrasileira que integra a exposição permanente do Museu Afro Brasil, em São Paulo.

Museu Afro Brasileiro - Artes Plásticas


Neste vídeo, você vai conhecer uma parte do núcleo Artes Plásticas que integra o acervo do Museu Afro Brasil, em São Paulo. Neste núcleo estão quadros, esculturas e instalações de artistas negros brasileiros, representantes do período barroco, da arte acadêmica, moderna e contemporânea.

APARTHEID

FONTE: NOVA ESCOLA

SEGREGAÇÃO DOS NEGROS

O que foi o Apartheid na África do Sul?

Entrada do Apartheid Museum, em Joanesburgo, África do Sul: 'brancos' e 'nao'brancos'
Entrada do Apartheid Museum, em Joanesburgo,
África do Sul: "brancos" e "não brancos".
Foto: The Africa Fellowship/Creative Commons.
CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
Nelson Mandela deixou a prisão há 20 anos, no dia 11 de fevereiro de 1990. A liberdade do líder foi o mais forte sinal do fim do regime de segregação racial na África do Sul, o apartheid.
Colonizada a partir de 1652 por holandeses e tendo recebido imigrantes de outras partes da Europa e da Ásia, a África do Sul tornou-se, em 1910, uma possessão britânica. Desde a chegada dos primeiros europeus, há mais de três séculos, a história do país africano, que será a sede da Copa do Mundo em 2010, foi marcada pela discriminação racial, imposta pela minoria branca.
Como protesto a essa situação, representantes da maioria negra fundaram, em 1912, a organização Congresso Nacional Africano (CNA) à qual Nelson Mandela, nascido em 1918, se uniu décadas depois. No CNA, Mandela se destacou como líder da luta de resistência ao apartheid.
O pai de Mandela era um dos chefes da tribo Thembu, da etnia Xhosa e, por isso, desde cedo, o garoto foi educado e preparado para assumir a liderança de seu povo. "Ele recebeu o melhor da Educação de sua tribo e foi iniciado em todos os rituais. Mas também teve o melhor da Educação europeia, estudando em bons colégios", explica Carlos Evangelista Veriano, professor de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
O apartheid oficializou-se em 1948 com a posse do primeiro-ministro Daniel François Malan, descendente dos colonizadores europeus - também chamados de africâners. "Embora a história oficial omita, sabemos que os ingleses foram os financiadores do apartheid, já que o Banco da Inglaterra custeava todos os atos do governo sul-africano", afirma Veriano.
Com o novo governo, o apartheid foi colocado em prática, instituindo uma série de políticas de segregação. Os negros eram impedidos de participar da vida política do país, não tinham acesso à propriedade da terra, eram obrigados a viver em zonas residenciais determinadas. O casamento inter-racial era proibido e uma espécie de passaporte controlava a circulação dos negros pelo país. "É importante lembrar que essa política teve clara inspiração nazista", diz o professor.
Embora tenha sido preso diversas vezes antes, Mandela já cumpria pena desde 1963 quando recebeu a sentença de prisão perpétua. Porém, com o passar dos anos, o mundo passou a se importar mais com a inadmissível situação da África do Sul, que começou a receber sanções econômicas como forma de pressão para acabar com o apartheid. Em 1990, com o regime já enfraquecido, Mandela foi solto, depois de 27 anos no cárcere. O governo, liderado por Frederik De Klerk, revogou as leis do apartheid. Três anos depois, Mandela e Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz.
Em 1994, nas primeiras eleições em que os negros puderam votar, Mandela foi eleito presidente do país. O filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood, em cartaz atualmente nos cinemas, tem como foco a história de Mandela (interpretado por Morgan Freeman) logo que ele assume a presidência. A obra mostra como o líder governou não com a intenção de se vingar dos brancos, mas sim de realmente transformar o país em uma democracia para todos.

Consultoria Carlos Evangelista Veriano
Professor de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

TRABALHO ESCRAVO

Perguntas e respostas sobre trabalho escravo e a PEC 57A/199 (ex-PEC 438/2001)

Produzido pela Repórter Brasil a pedido da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).

1) Em poucas palavras, o que é trabalho escravo?
É quando o trabalhador não consegue se desligar do patrão por fraude ou violência, quando é forçado a trabalhar contra sua vontade, quando é sujeito a condições desumanas de trabalho ou é obrigado a trabalhar tanto e por tantas horas que seu corpo não aguenta.
2) O conceito de trabalho escravo é frágil?
Não, não é. O artigo 149 do Código Penal, que prevê de dois a oito anos de cadeia para quem se utilizar dessa prática, é de 1940 e foi reformado em 2003 para ficar mais claro. Ele prevê o crime em quatro situações: cerceamento de liberdade de se desligar do serviço, servidão por dívida, condições degradantes de trabalho e jornada exaustiva.
3) Quem concorda que o conceito atual é bom?
Tribunais já utilizam, sem problemas, o conceito de trabalho escravo. A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal tem aceitado processos por esse crime com base no artigo 149. A Organização Internacional do Trabalho reconhece o conceito brasileiro. A relatora para formas contemporâneas de escravidão das Nações Unidas, Gulnara Shahinian, elogia o conceito brasileiro (ao contrário do que querem fazer crer algumas declarações de parlamentares que distorceram suas palavras). O governo federal, as empresas do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (que reúne as maiores empresas do país) e organizações sociais brasileiras defendem a manutenção do atual conceito de trabalho escravo.
asdadsadasdasdasTrabalhador resgatado em fazenda no Pará
4) Vale a pena ceder um pouco no conceito para aprovar a PEC?
Não. Todo o sistema de combate ao trabalho escravo no país está fundamentado no atual conceito de trabalho escravo. Se ele for alterado, o sistema desmorona e milhares de trabalhadores ficarão sem receber seus direitos. Além disso, pela Constituição, o Brasil não pode retirar proteção do trabalhador - o que aconteceria com mudanças no conceito como querem alguns parlamentares.
5) "Condições degradantes de trabalho" e "jornada exaustiva" são termos imprecisos, não?
De forma alguma. O que está tutelado no artigo 149 não é apenas a liberdade, mas sim a dignidade da pessoa humana. Ou seja, é importantíssimo que se mantenha a punição para quem desrespeita a dignidade do trabalhador, sujeitando-o a condições de alojamento, alimentação, trabalho, saúde, segurança desumanas. Ou que o obrigue a trabalhar tanto e por tantas horas que o seu corpo não suporte e ele acabe morrendo. Os auditores fiscais do trabalho utilizam instruções normativas e normas regulamentadoras para cumprir seu papel. Mas a Justiça utiliza a CLT e a Constituição para julgar se o trabalho é degradante ou não e se a jornada é exaustiva ou não. Ou seja, leis mais do que consolidadas no país.
6) O atual conceito causa insegurança jurídica no campo porque ninguém sabe o que é trabalho escravo.
Isso é uma falácia. A tentativa de mudar um conceito conhecido e aplicado é que vai levar à insegurança jurídica, com milhares de processos tendo que tomar um novo rumo, trabalhadores desconhecendo seus direitos, produtores rurais na dúvida de que decisões tomar. Até porque qualquer mudança, seja no artigo 149, seja em lei específica, será questionado não apenas junto ao STF, por reduzir a proteção do trabalhador, mas também nas Naçnoes Unidas e na OIT. O que é melhor? Um produtor reconhecer esse conceito como válido e se adequar ou uma guerra jurídica de anos, sendo que certamente o Supremo concederia liminar para que a definição do 149 seguisse valendo até uma decisão final? Os parlamentares consideram o conceito inseguro porque, na verdade, não concordam com ele.
asdadsadasdasdasÁgua utilizada por trabalhadores resgatados
7) Há produtores rurais que foram autuados por trabalho escravo devido à distância entre beliches, espessura do colchão, falta de copos para beber água, de carteira assinada e de um local adequado para refeições.
Esse é um argumento facilmente desconstruído. Quando um auditor fiscaliza um produtor, ele emite autos de infração sobre todos os problemas encontrados. Mas não é auto de infração de colchão fino que configura o trabalho escravo. Quando ouvir um produtor ou parlamentar dizer isso, pergunte sobre os outros autos de infração recebidos, sobre os quais nunca alguém quer falar. Além do mais, não é apenas um auto que caracteriza trabalho escravo, mas um pacote deles, mostrando as péssimas condições dos trabalhadores.
8) Gostaria de alguns números sobre trabalho escravo.
- Desde 1995, quando o governo federal criou o sistema público de combate a esse crime, mais de 42 mil pessoas foram libertadas do trabalho escravo no Brasil;

- No mundo, a estimativa da OIT é que sejam, pelo menos, 12 milhões de escravos;

- Não há estimativa confiável do número de escravos no país. Por isso, o governo não usa nenhum número;

- Na zona rural, as principais vítimas são homens, entre 18 e 44 anos; Na zona urbana, há também uma grande quantidade de sul-americanos, principalmente bolivianos. Nos bordéis, há mais mulheres e crianças nessas condições
;
- Dos libertados entre 2003 e 2009, mais de 60% eram analfabetos ou tinham apenas o quarto ano incompleto. Ou seja, eram adultos que não estudaram quando crianças. Trabalho escravo também é filho do trabalho infantil;

- O Maranhão é o principal fornecedor de escravos e o Pará é o principal utilizador;

- As atividades econômicas em que trabalho escravo mais tem sido encontrado na zona rural são: pecuária bovina, desmatamento, produção de carvão para siderurgia, produção de cana-de-açúcar, de grãos, de algodão, de erva-mate, de pinus. Também há importante incidência em oficinas de costura e em canteiros de obras nas cidades;
9) Por que se usa a expressão "trabalho análogo ao de escravo"?
Porque o trabalho escravo foi formalmente abolido em 13 de maio de 1888 e o Estado passou a considerar ilegal um ser humano ser dono de outro. O que permaneceram foram situações semelhantes ao trabalho escravo, tanto do ponto de vista de cercear a liberdade quanto de suprimir a dignidade do trabalhador.
Mão de trabalhador machucada pelo trabalho e água que ele bebia
10) Em caso de aprovação da PEC 57A/1999 (que na Câmara estava sob o número 438/2001), a decisão de confisco da terra ficará na mão dos auditores fiscais do trabalho.
Não. O processo que levará ao confisco terá início após decisão judicial transitada em julgado na esfera criminal ou trabalhista. Ou seja, a operação de fiscalizacão será avaliada pela Justiça em primeira instância e, provavelmente, em segunda instância e por tribunais superiores. O que pode levar anos para acontecer.
11) Por que a PEC 57A/1999 (ex-438/2001) não diz nada sobre como ocorrerá o confisco de terras?
Pois isso fica a cargo de lei que regulamentará todo o processo. Uma proposta de rascunho dessa lei foi organizada pelos parlamentares favoráveis à PEC.
12) Confiscar propriedades está previsto na Constituição?
Sim, está. A PEC inclui o trabalho escravo no artigo 243 da Constituição, que já prevê o confisco de terras com plantações de psicotrópicos. Além disso, a Constituição prevê que toda a propriedade deve ter função social. Trabalho escravo é uma das maiores negações aos direitos humanos, repudiado em todo o mundo. Portanto, quem usa trabalho escravo não está cumprindo a função social de sua propriedade.
13) A verdadeira intenção dessa lei é a reforma agrária, pois muitas terras serão confiscadas.
Não. Considerando o confisco de terras com psicotrópicos, já em vigor, de 2003 a 2007, 18 propriedades nessas condições - todas elas no Nordeste e com uma área total aproximada de 5.200 hectares - foram destinadas a assentamentos. De acordo com a Coordenação Geral de Polícia de Repressão aos Entorpecentes da Polícia Federal, apenas em 2004, 36 plantações de maconha foram destruídas em todo o país. Repare que o número de confiscos é pequeno se considerada a quantidade de plantações encontradas e destruídas devido ao rigor das decisões judiciais. Ou seja, apenas um número reduzido daqueles que forem flagrados é que devem perder efetivamente suas terras.
14) Não é justo apenas produtores rurais perderem suas propriedades. Por que a PEC não passa a valer também para o meio urbano?
E ela vale. Devido a um pedido de parlamentares ligados aos produtores rurais, o texto da PEC incorporou os imóveis urbanos em 2004.
15) O condenado por trabalho escravo irá perder todas as terras que possui por conta da lei?
Não. Apenas aquela em que trabalho escravo foi encontrado. 
16) Para que criar mais uma lei para combater trabalho escravo?
As leis existentes não têm sido suficientes para resolver o problema. Mesmo com a aplicação de multas, o corte do crédito, a perda de clientes, os processos trabalhistas e criminais, usar trabalho escravo ainda é um bom negócio para muitos empresários porque barateia os custos com mão de obra. A prática tem demonstrado que uma medida drástica, que coloque em risco a perda da propriedade em que foi utilizado trabalho escravo, ajudará a coibir com eficiência esse crime.
asdadsadasdasdasMotosserra encontrada em propriedade flagrada com trabalho escravo usado para desmatar a área
17) O que vocês chamam de trabalho escravo é apenas a cultura da região.
A justificativa é falsa, embora seja comumente usada por alguns produtores rurais. Mesmo que a prática fosse comum em determinada região – o que não é verdade, pois é utilizada por uma minoria dos produtores rurais – jamais poderia ser tolerada. Todo e qualquer crime deve ser combatido, com maior força exatamente onde for mais usual a sua prática. O desrespeito à dignidade ou o cerceamento da liberdade não podem ser encarados como manifestação cultural de um povo, mas sim como a imposição histórica da vontade dos mais poderosos. Além do mais, essa suposta “cultura da região” é compartilhada apenas por aqueles que concordam com o trabalho escravo, uma vez que a população mais pobre, vítima da escravidão, tem lutado desde a década de 70 para que seus direitos sejam efetivados.
18) A fiscalização abusa do poder e é guiada por um viés ideológico. A Polícia Federal entra armada nas fazendas.
As equipes móveis de fiscalização (compostas por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego, procuradores do Ministério Público do Trabalho, policiais federais ou policiais rodoviário federais) devem ir prevenidas às ações de fiscalização uma vez que muitos seguranças, gatos, prepostos, gerentes e vaqueiros das fazendas andam armados para intimidar trabalhadores. De revólveres a rifles, o arsenal de algumas fazendas não é pequeno. Muitas vezes as equipes de fiscalização têm suas vidas ameaçadas, tendo sido recebidas a bala. Além disso, cabe também à Polícia Federal abrir inquéritos e, se necessário, prender os culpados quando confirmado o flagrante do crime.
19) A culpa não é do fazendeiro e sim de gatos, gerentes e prepostos. O empresário não sabe dos fatos que ocorrem dentro de sua fazenda e por isso não pode ser responsabilizado.
O empresário é o responsável legal por todas as relações trabalhistas de seu negócio. A Constituição Federal de 1988 condiciona a propriedade ao cumprimento de sua função social, sendo de obrigação de seu proprietário tudo o que ocorrer nos domínios da fazenda. Por isso, o fazendeiro tem o dever de acompanhar com frequência a ação dos funcionários que a administram para verificar se eles estão descumprindo alguma norma da legislação trabalhista, além de orientá-los no sentido de contratar trabalhadores de acordo com as normas estabelecidas pela CLT.
Para mais informações sobre a PEC do Trabalho Escravo, acesse trabalhoescravo.org.br. Fotos: Leonardo Sakamoto, no banco de imagens do Especial PEC do Trabalho Escravo. Reprodução autorizada desde que citada a fonte.

A história local dos afro-descendentes

FONTE: NOVA ESCOLA

 A história local dos afro-descendentes

Objetivos
Estabelecer relações entre passado e presente, discutindo mudanças e permanências nas relações sociais.
Estabelecer uma ponte entre o conteúdo estudado e sua vida cotidiana por meio de estudos da história local.
Compreender e valorizar elementos das culturas africanas e de afrodescendência.
Ampliar o conceito de cidadania, discutindo questões como respeito à diversidade, religiosidade e sincretismo, preconceito, direitos, inclusão.

Anos
7º, 8º e 9º anos

Tempo estimado

3 aulas e atividades extra-classe em prazo a ser definido pelo professor.

Material necessário
Câmeras fotográficas, gravadores ou mp3 player, computador com acesso à internet.

Introdução
A importância de se estudar a história de africanos e de afro-descendentes está relacionada às profundas relações que guardamos com a África. No geral, somos frutos dos encontros e confrontos entre diferentes grupos étnicos como indígenas, europeus, africanos e outros.

Entendemos que história do Brasil e história da África estão intimamente relacionadas, cabendo ao professor ampliar a discussão sobre, por exemplo, a escravidão, introduzindo elementos da história dos africanos, de sua cultura e não tratá-los como simples mercadoria que enriquecia europeus e tiveram seu trabalho explorado à exaustão no Brasil antes e após a independência política.

Nessa perspectiva, não podemos tratar a questão africana apenas do ponto de vista da escravidão, como se fosse uma questão isolada e superada pela assinatura da Lei Áurea em 1888. Um ponto de partida para ampliar nossa visão e tentar superar as visões estereotipadas sobre o tema é procurar recuperar os elementos da resistência negra, suas formas de luta e de organização, sua cultura, não apenas no passado, mas também no tempo presente.

Desenvolvimento
1ª. etapa
Comece o trabalho explorando com os alunos os elementos da história africana e/ou da presença africana na História do Brasil que eles já tenham estudado. Procure levantar os conhecimentos dos alunos acerca das relações sociais estabelecidas, das visões que foram construídas sobre africanos e afro-descendentes no Brasil, sobre a cultura africana e/ou a mescla de culturas que se convencionou chamar "cultura brasileira" com forte influência de elementos africanos. É possível que surjam respostas que remetam a determinados assuntos como alimentação, música, dança, lutas e religiosidade. Se não surgirem, instigue-os a refletir sobre a presença ou ausência desses elementos no modo de vida deles.

Após essa conversa inicial, convide os alunos para explorar o site www.acordacultura.org.br, que mostra informações sobre a cultura negra africana em forma de jogos, livros animados, vídeos, músicas e textos. Dica: veja textos sobre a importância da cultura negra na coluna da esquerda da página inicial - "valores civilizatórios".

A exploração do site é apenas um ponto de partida para a discussão que poderá ser fundamentada em conhecimentos anteriores dos alunos, de acordo com os conteúdos previstos no currículo de História, como:
- História da África, incluindo elementos da cultura e religiosidade etc. (o período variando de acordo com o ano/série dos alunos).
- Escravidão no Período Colonial e/ou no Período do Império. As lutas e as formas de resistência, e elementos da cultura trazida pelos africanos.

Proponha aos alunos um trabalho de investigação da presença da cultura negra na localidade e das relações sociais estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos, por meio de entrevistas. O objetivo é fazer com que os alunos percebam as relações entre o passado (os conteúdos estudados em História) e o tempo presente, observando as mudanças e permanências nas relações estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos e da situação dos afro-descendentes na sociedade brasileira. Essas pesquisas podem ser incluídas em um blog produzido pela classe. Será um espaço de debate virtual em que os alunos da escola e os moradores da comunidade local poderão trocar idéias sobre o assunto.

2ª etapa
Agora é o momento de planejar as entrevistas. Divida a turma em grupos de quatro ou cinco alunos e faça a mediação dos seguintes pontos:

- O levantamento de afro-descendentes que sejam moradores antigos da localidade para serem entrevistados.

- Combinar com os alunos se as entrevistas serão realizadas na escola ou na casa dos entrevistados.

- Elaborar as questões que serão feitas aos entrevistados. Exemplos de coleta de bons depoimentos podem ser encontrados no portal do Museu da Pessoa (www.museudapessoa.net).
O questionário deverá ter:
Nome
Idade
Há quanto tempo mora na localidade,
Profissão, atividades que exerceu
Religião
O lazer no passado e no presente
Os tipos de música e de dança preferidos do passado e do presente
Se sofre ou já sofreu discriminação por ser afro-descendente
Participa de organizações como clubes, associações de moradores, ONGs que lutem pela defesa dos direitos dos afro-descendentes
Outras questões sugeridas pelos alunos a partir dos estudos realizados

- A definição das formas de registro da entrevista

- Reforçar com os alunos a importância do respeito aos entrevistados.

- O estabelecimento de uma data para que os materiais coletados sejam levados para a classe.

3ª. etapa
Os grupos de alunos deverão realizar as seguintes atividades:

- Contatar os moradores escolhidos, explicando o objetivo da entrevista.

- Gravar as entrevistas com equipamentos de áudio (gravadores, mp3 player etc.)

- Pedir permissão para fotografar os entrevistados

- Perguntar se eles possuem fotos antigas ou outros objetos e se permitem que eles sejam fotografados para compor o trabalho final.

No retorno do trabalho, em sala de aula, você deverá mediar a socialização das experiências de cada grupo por meio da discussão:
- como se deu a interação com os entrevistados
- quais foram as informações obtidas
- as semelhanças e diferenças entre as respostas dos entrevistados

4ª. etapa
A partir das entrevistas e dos materiais coletados, é possível recuperar um pouco da história das relações sociais na localidade, da presença (ou não) de discriminação de afro-descendentes e de elementos da cultura de origem africana.

Produto final
O material coletado pode ser organizado:
- em um painel com fotos e informações escritas
- elaboração coletiva de um blog que poderá conter as gravações das entrevistas, depoimentos de alunos sobre o tema, mudanças e permanências nas relações sociais na localidade, espaço para postagem de sugestões sobre a formas de combate ao preconceito e à discriminação racial.

Avaliação
Os pontos que deverão ser avaliados são:
- envolvimento e participação dos alunos nas discussões em grupos
- pertinência das informações e dos materiais coletados
- organização e clareza das informações no painel e nos textos e áudios postados no blog.
Quer saber mais?
Bibliografia
BARBOSA, R. M. Ambientes virtuais de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed.
BITTENCOURT, Circe Maria F. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de velhos. Companhia das Letras.
LUCENA, Célia Toledo. Artes de lembrar e de inventar: (re) lembranças de migrantes. São Paulo, Arte & Ciência.

Na internet
Pt.wikipedia.org/wiki/Podcast
informatica.hsw.uol.com.br/web-206.htm
www.acordacultura.org.br
aldeiagriot.blogspot.com
www.arteafricana.usp.br/index.html
www.palmares.gov.br
www.ritosdeangola.com.br/news.php
www.capoeiradobrasil.com.br

Materiais para aprofundar a discussão sobre racismo:
www.dialogoscontraoracismo.org.br

Consultoria Eliete Toledo
Professora de História e co-autora das coleções didáticas "História: conceitos e procedimentos" e "História: cotidiano e mentalidades".



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LIXO ELETRÔNICO GANA

Lixo Eletrônico Gana
 Qui, 24 de Março de 2011 20:19

          Toneladas de lixo eletrônico vindos de países ricos estão envenenando crianças africanas, segundo reportagem recente do site ABC News.com. A região do despejo é Acra, capital de Gana. Lá, o “e-lixo” (como é denominado o lixo proveniente de restos de produtos eletrônicos) contaminado por substâncias tóxicas é reaproveitado e comercializado pelas crianças, que vêem no mercado das peças eletrônicas uma forma de sobrevivência. 
           Como acontece, por exemplo, com Bismark, um menino de 14 anos que trabalha revendendo as sucatas que encontra ali. Por falta de espaço em casa – uma pequena cabana que abriga os pais e quatro irmãos – ele dorme em meio a um amontoado de computadores, cobres e materiais plásticos queimados, na luta diária para sobreviver e para garantir a alimentação da família. Segundo apurou a reportagem, a história de Bismark é marcada por trapaças e violências que dinamizam o mercado de lixo eletrônico.
            Um comércio protagonizado por jovens de olhos vermelhos afetados pela fumaça que vem da queima de materiais plásticos para aproveitamento dos metais. A ardência nos olhos e a respiração dificultada pelo ar contaminado são comuns naquela região, conhecida como Sodoma e Gomorra (cidades bíblicas que foram castigadas por Deus com uma chuva de enxofre). 
          Assim como os moradores da região, rios e ecossistemas africanos sofrem as consequências da contaminação desses resíduos, vindos em grande maioria de países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. De acordo com análise realizada pelo Greenpeace no ano passado, o solo e o rio desta região têm níveis extremamente elevados de poluentes como: chumbo, cádmio, mercúrio, arsênico, dioxinas e outros. Em longo prazo, essas substâncias comprometem o sistema nervoso, os rins, o sangue e principalmente o cérebro das crianças. 
            Como por exemplo, a inalação ou ingestão de chumbo pela água pode encolher o cérebro delas. O custo desse mercado ainda é vantajoso para os países desenvolvidos. De acordo com a reportagem, a Alemanha gasta mais da metade do preço para dispensar um monitor de CPU velho em navios para Gana, que em seu próprio território. Segundo estimativa das Organizações das Nações Unidas (ONU), cerca de 50 milhões de lixo eletrônico são jogados fora por ano, entre outros muitos destinos, estes resíduos vão parar em países como a Nigéria, Vietnã, Índia, China e Filipinas.
Equipe @Terrachamando

Encontro debate inclusão da arte e cultura africana e afrobrasileira

Ensino

29/11/2012

Encontro debate inclusão da arte e cultura africana e afrobrasileira

Educadores de todo o Paraná reuniram-se no Centro Estadual Profissional Newton Freire Maia, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, para debater formas de implantar efetivamente a Lei 10639/2003, que trata sobre a inclusão da arte e cultura africana e afrobrasileira nos currículos das escolas paranaenses. O 9º Encontro de Educadores Negros do Paraná durou três dias e terminou nesta quarta-feira (29).

Cerca de 400 pessoas, entre professores, pedagogos e funcionários das escolas estaduais e representantes de movimentos sociais, religiosos e de 36 comunidades quilombolas participaram dos debates.

“Discutimos formas de combater o racismo dentro das nossas escolas e o trato positivo dessa diversidade etnicorracial que encontramos nas nossas escolas paranaenses”, explica, Luciane Fagundes, diretora do Departamento da Diversidade da Secretaria de Estado da Educação.

O resultado das discussões levantadas terá reflexo nas escolas estaduais. “Estamos muito contentes com um espaço como este. Temos que reconhecer que caminhamos a passos lentos, mas que as mudanças em relação à implantação da lei estão acontecendo. Principalmente pela educação, que é um ponto chave para que as mudanças todas aconteçam”, comentou a pedagoga Maria Isabel Cabral da Silva, do Colégio Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira, de Palmas, no Sul do Paraná.

Para a pedagoga, a aplicação da lei garante a visibilidade do papel do negro na sociedade brasileira. “É preciso trazer o negro para a sociedade deu uma maneira positiva, com um olhar do próprio negro, como protagonista da sua história”, disse Maria Isabel.

AVANÇOS
De acordo com a coordenadora da Educação das Relações da Diversidade Etnicorracial da Secretaria da Educação, Tânia Aparecida Lopes, houve importantes avanços na área devido aos encontros que estão sendo promovidos. “A partir desses encontros, a Secretaria percebeu algumas demandas do movimento negro e já deu algumas respostas, como a formação da equipes multidisciplinares nas escolas, abriu um espaço de discussão para promover ações de enfrentamento ao racismo, e de ação para formação da educação etnicorracial”, disse ela. “O governo do Estado tem uma marca de enfrentamento a situações de discriminação e uma posição positiva com relação à população negra do Paraná”, afirmou a coordenadora.

NOVAS ESCOLAS
Além dos cursos de formação continuada para profissionais da educação, outra conquista significativa foi o mapeamento das comunidades quilombolas em todo o Paraná, que permitiu a criação de novas políticas públicas para atender a essas pessoas.

Durante o evento, a diretora da Diversidade, Luciane Fagundes, comunicou que duas escolas quilombolas mantidas pela rede estadual de ensino, o Colégio Estadual Quilombola Diogo Ramos, em Adrianópolis, e a Escola Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira, em Palmas – vão receber novos prédios escolares. A construção deve ser iniciada em 2013.

Os recursos para a construção das novas sedes das escolas virão de parcerias com dois programas federais – o Programa Nacional de Educação do Campo (Procampo) e Plano Brasil Quilombola (PBQ). As novas unidades ainda estão em fase de elaboração de projetos. O Governo do Paraná planeja construir mais cinco escolas quilombolas.
Fonte: Dia a Dia Educação


Fonte: Giuliano Gomes/SEED
Evento avalia implantação da Lei 10639/2003, que trata sobre inclusão da arte e cultura africana e afrobrasileira nos currículos escolares.