FONTE: NOVA ESCOLA
SEGREGAÇÃO DOS NEGROS
O que foi o Apartheid na África do Sul?
Renata Costa (novaescola@atleitor.com.br)
Entrada do Apartheid Museum, em Joanesburgo,
África do Sul: "brancos" e "não brancos".
Foto: The Africa Fellowship/Creative Commons.
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África do Sul: "brancos" e "não brancos".
Foto: The Africa Fellowship/Creative Commons.
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ESPECIAL
Nelson Mandela deixou a prisão há 20 anos, no dia 11 de fevereiro de
1990. A liberdade do líder foi o mais forte sinal do fim do regime de
segregação racial na África do Sul, o apartheid.
Colonizada a partir de 1652 por holandeses e tendo recebido
imigrantes de outras partes da Europa e da Ásia, a África do Sul
tornou-se, em 1910, uma possessão britânica. Desde a chegada dos
primeiros europeus, há mais de três séculos, a história do país
africano, que será a sede da Copa do Mundo em 2010, foi marcada pela
discriminação racial, imposta pela minoria branca.
Como protesto a essa situação, representantes da maioria negra
fundaram, em 1912, a organização Congresso Nacional Africano (CNA) à
qual Nelson Mandela, nascido em 1918, se uniu décadas depois. No CNA,
Mandela se destacou como líder da luta de resistência ao apartheid.
O pai de Mandela era um dos chefes da tribo Thembu, da etnia Xhosa
e, por isso, desde cedo, o garoto foi educado e preparado para assumir
a liderança de seu povo. "Ele recebeu o melhor da Educação de sua tribo
e foi iniciado em todos os rituais. Mas também teve o melhor da
Educação europeia, estudando em bons colégios", explica Carlos
Evangelista Veriano, professor de História da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
O apartheid oficializou-se em 1948 com a posse do primeiro-ministro
Daniel François Malan, descendente dos colonizadores europeus - também
chamados de africâners. "Embora a história oficial omita, sabemos que
os ingleses foram os financiadores do apartheid, já que o Banco da
Inglaterra custeava todos os atos do governo sul-africano", afirma
Veriano.
Com o novo governo, o apartheid foi colocado em prática, instituindo
uma série de políticas de segregação. Os negros eram impedidos de
participar da vida política do país, não tinham acesso à propriedade da
terra, eram obrigados a viver em zonas residenciais determinadas. O
casamento inter-racial era proibido e uma espécie de passaporte
controlava a circulação dos negros pelo país. "É importante lembrar que
essa política teve clara inspiração nazista", diz o professor.
Embora tenha sido preso diversas vezes antes, Mandela já cumpria
pena desde 1963 quando recebeu a sentença de prisão perpétua. Porém,
com o passar dos anos, o mundo passou a se importar mais com a
inadmissível situação da África do Sul, que começou a receber sanções
econômicas como forma de pressão para acabar com o apartheid. Em 1990,
com o regime já enfraquecido, Mandela foi solto, depois de 27 anos no
cárcere. O governo, liderado por Frederik De Klerk, revogou as leis do
apartheid. Três anos depois, Mandela e Klerk dividiram o Prêmio Nobel
da Paz.
Em 1994, nas primeiras eleições em que os negros puderam votar, Mandela foi eleito presidente do país. O filme Invictus,
dirigido por Clint Eastwood, em cartaz atualmente nos cinemas, tem como
foco a história de Mandela (interpretado por Morgan Freeman) logo que
ele assume a presidência. A obra mostra como o líder governou não com a
intenção de se vingar dos brancos, mas sim de realmente transformar o
país em uma democracia para todos.
Consultoria Carlos Evangelista Veriano
Professor de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
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