quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Professores evangélicos impedem ensino da história e cultura africana nas escolas, diz especialista


Publicado há 9 meses - em 22 de novembro de 2014 » Atualizado às 9:17
Categoria » Educação cultura_africana
Uma lei que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas estaria sendo descumprida devido à atuação de professores evangélicos, que estariam sendo um “entrave” no assunto. A afirmação é da professora Ana Célia da Silva, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
do GNotícias
A lei 10.639, publicada em janeiro de 2003, prevê que os alunos aprendam sobre os ancestrais africanos e sua cultura e história. Numa entrevista ao portal EBC, Ana Célia diz que a religião e a falta de formação dos professores são os principais pontos que dificultam a colocação da lei em prática.
“O desafio maior hoje é a atuação das igrejas evangélicas através dos professores evangélicos que, em sua grande maioria, demonizam tudo em relação à história e cultura afro-brasileira. Porque a história e cultura afro-brasileira parte da religiosidade, da cultura, e eles acham que tudo é demônio”, queixou-se a professora.
Ana Célia diz que “uma pesquisa feita por uma aluna de Salvador mostrou que os professores recebem os livros do MEC e escondem da diretora para não levar para a sala quando tem uso do ‘demônio’, como eles chamam”.
A professora, que se dedica ao estudo da representação do negro nos livros didáticos, diz que houve avanços desde que a lei foi publicada, mas ainda há dificuldades. “O grande entrave à lei hoje são, primeiro, os professores evangélicos; Segundo, a formação, por [causa da] falta de continuidade nos cursos de formação dos professores”.
De acordo com Ana Célia, o texto da lei tem um ponto falho, pois não prevê a exigência do ensino de história e cultura afro-brasileira nas universidades, o que resultaria na formação de novos professores com conhecimento sobre o tema.
“O grande defeito da lei é não abranger os cursos de formação. Isso foi intencional. Eles vetaram o artigo que tornava obrigatório que todo professor de licenciatura passasse por essa formação”, reclamou Ana Célia.
Recentemente a UFBA e outras universidades estaduais e federais acrescentaram disciplinas sobre cultura e história africana ao currículo de seus cursos.

Leia a matéria :  II Seminário Nacional Educadores Evangélicos e a Aplicação da Lei 10.639/03

Leia a matéria :  África e cultura negra aparecem com restrições nos livros didáticos

Afrobetizar a educação no Brasil


Publicado há 6 meses - em 25 de fevereiro de 2015 » Atualizado às 13:45
Categoria » Afro-brasileiros e suas lutas · Educação afrobetizar_criancas_vanessa
No morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, a psicóloga Vanessa Andrade ouvia com frequência: “Ai tia que cabelo feio” ou então “tia bruxa”. Essa era a reação dos pequenos quando ela passava pelas ruas com seu cabelo afro. Segundo Andrade, isso ocorria porque essas crianças estavam desacostumadas a enxergar a beleza presente no jeito negro de ser. “Isso me doía muito, mas ao mesmo tempo me convocava para uma missão maior de tentar mudar o pensamento dessas crianças”, conta a psicóloga e coordenadora do projeto Afrobetizar.
por Vanessa Cancian  no Namu
Quando se trata de identidade, as escolas brasileiras são monocromáticas nos livros e nas histórias. Nossa educação não possibilita que alunos negros encontrem seu caminho e conheçam o lado verdadeiro da vida e da cultura africana presente de forma intensa no Brasil. Com a finalidade de mostrar que outra pedagogia é possível, Andrade iniciou um trabalho intenso de transformação social no Cantagalo.
gessica_justino_meninas_afrobetizar
“O Afrobetizar surgiu da necessidade de trabalhar uma pedagogia diferente, que fizesse com que as crianças descobrissem o próprio corpo através de reconhecer a beleza de ser negro”, diz a psicóloga. Segundo ela, a ideia que coloca professores negros que cursaram ou estão na universidade, realizando projetos de sucesso na vida, tem como intuito trabalhar o protagonismo negro e inverter o processo histórico que sempre colocou o negro como ser inferior em relação ao branco.
Nosso corpo é nosso território
“Com o tempo tivemos a ideia de fazer ações contínuas com as crianças da comunidade”, conta Andrade, a qual ao lado de Gessica Justino e Aruanã Garcia, forma a equipe de professores que organizam oficinas semanais com as crianças em busca de descontruir preconceitos e fortalecer os saberes que não chegam aos pequenos por meio da escola convencional.
afrobetizar_criancas
“Eu sempre acreditei que não adianta ficar no blábláblá, é preciso provocar a criança com as sensações e com corpo”, diz a psicóloga. Vanessa Andrade pontua que esse é um projeto que trabalha com corporeidade, mas não aquela que se esgota no movimento de dança ou de capoeira e sim a capacidade de ter consciência e acesso às possibilidades corporais. Isso ajuda essas crianças a assumir espaços nos quais tradicionalmente não estão inseridas.
Ensinar além dos livros
A Lei nº 10.639 de 2003 estabeleceu que a história e cultura afro-brasileira e indígena fossem inseridas na educação do país. Ainda assim, os livros que carregam a informação sobre outros personagens fundamentais para a história e a formação da identidade brasileira chegam a passos lentos nas escolas do Brasil. Para Andrade, existe um esforço para que essa lei seja respeitada, mas falta potencializar a descoberta de metodologias para aplicá-la.
professores_afrobetizar

“Não basta dizer para as crianças que é lindo ser negro. Contar quem foi Zumbi e Maria Carolina de Jesus. Essas crianças precisam viver uma experimentação positiva para que elas interiorizem esse sentimento de valorizar a própria cultura”, relata.  A psicóloga reconhece a importância de transformação presente na lei, porém, vê também a necessidade de trabalhos que afetem de verdade as crianças e jovens.
“A sensação que eu tenho com relação a essa lei é que há uma corrida para que ela seja aplicada através de livros, mas se não tiver um trabalho além do papel, não adianta”, diz Andrade. Para ela o “letramento corporal” que contemple o campo sensorial e entre no mundo de cada criança é fundamental.
Projeto no Museu de Favela
O projeto é realizado na sede administrativa do Museu de Favela – MUF. O local foi criado por moradores do Cantagalo e conta a história da origem da favela através de grafites nas paredes das casas das pessoas que vivem ali. No espaço cedido para o Afrobetizar, há cerca de 30 crianças que participam com frequência das atividades.
“O MUF é o primeiro museu a céu aberto criado em uma favela”, conta Andrade. Segundo ela, as pinturas foram feitas para proteger os moradores desse lugar que sofriam com a ameaça de serem retirados de suas casas. Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, a ameaça da especulação imobiliária fez com que a população se unisse e utilizasse o museu estratégia  como estratégia de sobrevivência nessa região.
Com o passar do tempo, o MUF tornou-se uma referência em grafite e passou a integrar um dos pontos turísticos da cidade maravilhosa. A iniciativa popular é reconhecida como o primeiro museu territorial e vivo sobre memórias e patrimônio cultural de uma favela no mundo.
As fotos da reportagem foram feiras pela equipe do Coletivo Baobá, projeto de comunicação que também trabalha em parceria com o Afrobetizar.

A turma que não “se adaptou” a ter uma aluna negra: uma denúncia de racismo!


Publicado há 5 meses - em 10 de abril de 2015 » Atualizado às 10:05
Categoria » Casos de Racismo lorena
Daquelas coisas que você lê no Facebook e não acredita que possa ser verdade diante do tamanho absurdo. Uma mãe que recebeu uma ligação da escola da filha informando que ela estava sendo mudada de sala porque “a turma não se adaptou a ela”. Como assim? A menina em questão tem 12 anos, de uma pele linda e reluzente, que gosta de usar um aplique trançado no próprio cabelo. Para a turma que “não se adaptou a ela” leia-se: não se adaptou a ela por ela ser negra. Ficou horrorizada? Eu também fiquei.
Por , do Tudo sobre minha mãe
Lorena foi convidada a se retirar de uma turma onde alunos a discriminavam, desrespeitavam, soltavam piadinhas terríveis e ridículas. Assim, na lata: o errado vencendo o certo. O bullying acima da tolerância às diferenças. O racismo no lugar do respeito. Já que para a tal escola quem está fora dos padrões é a parte desrespeitada e não a parte que desrespeitou.
A mãe dela escreveu uma carta aberta. E nesta história, não há como justificar o comportamento racista dos colegas da filha dela. Absolutamente nada justifica esta aberração. Camila, a mãe, conta que recebeu uma mensagem pelo WhatsApp da filha que dizia: “olha só o que sofro”. Junto com esta frase havia uma gravação que a menina fez com a voz dos colegas.
A sequência do que se ouve é deprimente. Os colegas disparam atrocidades do tipo: “Sua preta, testa de bater bife do cara******!”
“Eu sou racista mesmo, quando eu quero ser racista eu sou racista, entendeu?”
“Toda vez que eu encontrar ela na minha frente eu vou zuar até ela chorar”
“Você vai ficar neste grupo até você chorar”
“Cabelo de movediça, cabelo de miojo, cabelo de macarrão”
Isto não aconteceu há dois séculos atrás. Isto foi há duas semanas, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Que tipo de crianças, adolescentes são estes? Que tipo de exemplos eles recebem em casa? Que vergonha desses pais.
As crianças são uma folha em branco, moldadas por nós e pelo ambiente em que vivem. E eu fico pensando o que a gente realmente precisa fazer na prática para ensinar os nossos filhos o quanto ser racista é absurdo. É inadmissível deixar que eles usem termos pejorativos. É imprescindível explicar que cada um é de um jeito, mas somos todos iguais no quesito respeito. Precisamos com urgência colocar a mão na consciência e trilhar um caminho para criar filhos bacanas e inteligentes e não criaturinhas preconceituosas e dignas de pena como estes meninos que ofenderam a Lorena.
Fabiana Santos é jornalista, mãe de Felipe, de 10 anos e Alice, de 4 anos. Eles moram em Washington-DC. O melhor amigo de Felipe se chama Leland e é negro. Mas isto não faz a menor diferença pra eles,  porque amizade não tem cor. 
REFLEXÃO SOBRE AS
QUESTÕES INDÍGENAS
NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS
E ENCAMINHAMENTOS
1 1º SEMESTRE - 2015
REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES INDÍGENAS NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS E ENCAMINHAMENTOS
DOCUMENTO 1
Orientações gerais e encaminhamentos
para a realização da oficina
Cara/o professora/r mediadora/r
A oficina “Educação Escolar Indígena” tem
por objetivo articular o processo de ensino/aprendizagem
e os conhecimentos e manifestações culturais
indígenas com o currículo escolar e abordará os seguintes
conteúdos:
• O currículo escolar indígena
• A prática pedagógica na Educação
Escolar Indígena;
• Conceitos relacionados aos povos indígenas.
A oficina está organizada da seguinte maneira:
1. Mobilização: resenha do texto: Quando a escola é de vidro.
2. Fundamentação teórica: texto: A Educação Escolar Indígena.
3. Contextualização: vídeo: Povos Indígenas: “Conhecer para Valorizar” e conceitos
relacionados aos povos indígenas.
4. Produção: síntese das discussões feitas pelos grupos e Plano de Trabalho
Docente.
A equipe do Departamento da Diversidade sugere que a mediação da oficina seja
dialógica e que tenha como mediadora/or um/a professora/or que esteja familiarizado
com o cotidiano e a dinâmica da instituição.
Para que a oficina tenha desfecho satisfatório é importante que sejam realizadas
todas as etapas, a leitura dos textos e principalmente a apresentação das discussões
feitas nos grupos e do Plano de Trabalho Docente elaborado pelas/os cursistas.
Obs: o mediador incentivará a leitura do texto Quando a Escola é de Vidro na
integra, já que fora disponibilizada apenas a resenha.
Livro: Este admirável mundo louco
Autora: Ruth Rocha
2 1º SEMESTRE - 2015
REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES INDÍGENAS NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS E ENCAMINHAMENTOS
DOCUMENTO 2
MANHÃ
Passo 1 (1:00h)
Leitura da resenha do texto “Quando a escola é de vidro”. (anexo I)
As/os participantes serão convidadas/os a estabelecer relação entre a escola
apresentada no texto e a escola onde trabalham, por meio das questões apresentadas
nos slides 9, 10 e 11.
1 - “...a perspectiva é que a escola indígena seja diferenciada em seus ensinamentos,
respeitando os “processos próprios de aprendizagem” e o contexto sociocultural”.
A partir dessa afirmação e do texto de Ruth Rocha estabeleça relação entre as semelhanças/
diferenças entre a escola apresentada no texto e a escola onde trabalha?
2 - Como classifica os “vidros” utilizados pela sua escola? Se pudesse propor
“embalagens” para os estudantes indígenas, como seriam?
3 - Pode-se estabelecer um parâmetro entre a organização curricular por disciplinas
e a escola de vidro? Seria possível melhorar ou romper com essa proposta?
Passo 2 (2:00h)
Leitura do texto Educação Escolar Indígena (anexo
II)
As/os cursistas deverão ser divididos em grupos a
fim de debater as questões apresentadas nos slides 13 e 14.
1- Analisando teóricos que discutem os limites
e possibilidades da Educação Escolar Indígena em
contexto nacional, bem como no Paraná, percebe-se que,
mesmo havendo uma legislação que garante os direitos
dos povos indígenas, nos espaços escolares, ainda estão
evidentes marcas profundas de práticas pedagógicas
semelhantes às que antecederam a Constituição de 1988.
Quais os limites e possibilidades enfrentados para a
efetivação de práticas pedagógicas que contribuam para a superação
de modelos educacionais que não atendem as especificidades das escolas
indígenas?
3 1º SEMESTRE - 2015
REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES INDÍGENAS NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS E ENCAMINHAMENTOS
2-Segundo o texto A Educação Escolar Indígena, “Durante muito tempo, o sistema
educacional para os indígenas configurou-se como uma educação imposta e centrada no
modelo europeu, bem distante de ser uma educação escolar específica.”
De que forma isso se apresenta na sua escola? Que elementos do conhecimento e valores
culturais dos povos indígenas devem ser considerados para atender as necessidades
especificas da escola indígena?
Passo 3 (1:00min)
Vídeo: Povos Indígenas: “Conhecer para Valorizar”. (slides 16 e 17)
Após assistir ao vídeo, o docente poderá utilizar os textos a seguir para conduzir a reflexão:
• Encontrar o equilíbrio é necessário para que as comunidades indígenas tenham
o conhecimento da cultura não indígena, ao mesmo tempo em que se apropriam
dos conhecimentos da cultura indígena. Destaca-se, então a responsabilidade da
escola indígena trabalhar conteúdos da cultura, dando visibilidade aos sujeitos
para que as comunidades indígenas ganhem força e espaço na sociedade, sem
precisar deixar suas origens de lado.
• A escola indígena deve ser diferenciada na organização curricular, respeitar e
valorizar os processos próprios de ensino e aprendizagem e planejar práticas
pedagógicas pautadas no contexto sociocultural.
Obs: Sinopse do vídeo - anexo III
http://goo.gl/6uMO5c
4 1º SEMESTRE - 2015
REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES INDÍGENAS NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS E ENCAMINHAMENTOS
TARDE
Passo 4 (1:00h)
Conceituando: Apresentação (slides 18 e 19)) de quatro conceitos relacionados
aos povos indígenas (LUCIANO, 2006):
1. Organização Social Indígena
“...a base da complexa organização social indígena está centrada nas relações de parentesco
e nas alianças políticas e econômicas que cada povo ou grupo familiar estabelece.
Os grupos de parentesco e de aliados formam potencial e concretamente os grupos de
organização que se constituem em verdadeiros grupos de produção de bens e serviços”.
(p. 46)
2. Interculturalidade
“... é uma prática de vida que pressupõe a possibilidade de convivência e coexistência
entre culturas e identidades. Sua base é o diálogo entre diferentes, que se faz presente
por meio de diversas linguagens e expressões culturais, visando à superação da intolerância
e da violência entre indivíduos e grupos sociais culturalmente distintos.” (p. 50 - 51)
3. Educação Indígena
“... refere-se aos processos próprios de transmissão e produção dos conhecimentos
dos povos indígenas.” (p. 129)
4. Educação Escolar Indígena
“... refere-se à escola apropriada pelos povos indígenas para reforçar seus projetos
socioculturais e abrir caminhos para o acesso a outros conhecimentos universais, necessários
e desejáveis, a fim de contribuírem com a capacidade de responder às novas demandas
geradas a partir do contato com a sociedade global.” (p. 129)
Passo 5 (40 min)
Apresentação das discussões e considerações sobre os conceitos.
5 1º SEMESTRE - 2015
REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES INDÍGENAS NO CURRÍCULO
ORIENTAÇÕES GERAIS E ENCAMINHAMENTOS
Passo 6 (1:40)
Elaboração do Plano de Trabalho Docente (slide 20 e 21)
Lembrem-se: É preciso associar o conteúdo selecionado aos conhecimentos tradicionais
e valores culturais indígenas.
Passo 7 (40 min)
Apresentação do Plano de Trabalho Docente e considerações finais do mediador.
A legislação que embasa a Educação Escolar Indígena está disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=
552>.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Casperiano vence 9º Prêmio Santander Jovem Jornalista - Faculdade Cásper Líbero

Casperiano vence 9º Prêmio Santander Jovem Jornalista - Faculdade Cásper Líbero

EXTERMÍNIO DE ÍNDIOS!

Documento que registra extermínio de índios é resgatado após décadas desaparecido

Relatório de mais de 7 mil páginas que relatam massacres e torturas de índios no interior do país, dado como queimado num incêndio, é encontrado intacto 45 anos depois

 
    

 postado em 19/04/2013 06:00 / atualizado em 19/04/2013 08:35
Marcelo Zelic/ Divulgação

Depois de 45 anos desaparecido, um dos documentos mais importantes produzidos pelo Estado brasileiro no último século, o chamado Relatório Figueiredo, que apurou matanças de tribos inteiras, torturas e toda sorte de crueldades praticadas contra indígenas no país – principalmente por latifundiários e funcionários do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) –, ressurge quase intacto. Supostamente eliminado em um incêndio no Ministério da Agricultura, ele foi encontrado recentemente no Museu do Índio, no Rio, com mais de 7 mil páginas preservadas e contendo 29 dos 30 tomos originais.

Em uma das inúmeras passagens brutais do texto, a que o Estado de Minas teve acesso e publica na data em que se comemora o Dia do Índio, um instrumento de tortura apontado como o mais comum nos postos do SPI à época, chamado “tronco”, é descrito da seguinte maneira: “Consistia na trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre duas estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As extremidades, ligadas por roldanas, eram aproximadas lenta e continuamente”.

Entre denúncias de caçadas humanas promovidas com metralhadoras e dinamites atiradas de aviões, inoculações propositais de varíola em povoados isolados e doações de açúcar misturado a estricnina, o texto redigido pelo então procurador Jader de Figueiredo Correia ressuscita incontáveis fantasmas e pode se tornar agora um trunfo para a Comissão da Verdade, que apura violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988.

A investigação, feita em 1967, em plena ditadura, a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima, tendo como base comissões parlamentares de inquérito de 1962 e 1963 e denúncias posteriores de deputados, foi o resultado de uma expedição que percorreu mais de 16 mil quilômetros, entrevistou dezenas de agentes do SPI e visitou mais de 130 postos indígenas. Jader de Figueiredo e sua equipe constataram diversos crimes, propuseram a investigação de muitos mais que lhes foram relatados pelos índios, se chocaram com a crueldade e bestialidade de agentes públicos. Ao final, no entanto, o Brasil foi privado da possibilidade de fazer justiça nos anos seguintes. Albuquerque Lima chegou a recomendar a demissão de 33 pessoas do SPI e a suspensão de 17, mas, posteriormente, muitas delas foram inocentadas pela Justiça.

Os únicos registros do relatório disponíveis até hoje eram os presentes em reportagens publicadas na época de sua conclusão, quando houve uma entrevista coletiva no Ministério do Interior, em março de 1968, para detalhar o que havia sido constatado por Jader e sua equipe. A entrevista teve repercussão internacional, merecendo publicação inclusive em jornais como o New York Times. No entanto, tempos depois da entrevista, o que ocorreu não foi a continuação das investigações, mas a exoneração de funcionários que haviam participado do trabalho. Quem não foi demitido foi trocado de função, numa tentativa de esconder o acontecido. Em 13 de dezembro do mesmo ano o governo militar baixou o Ato Institucional nº 5, restringindo liberdades civis e tornando o regime autoritário mais rígido.

 O vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e coordenador do Projeto Armazém Memória, Marcelo Zelic, foi quem descobriu o conteúdo do documento até então guardado entre 50 caixas de papelada no Rio de Janeiro. Ele afirma que o Relatório Figueiredo já havia se tornado motivo de preocupação para setores que possivelmente estão envolvidos nas denúncias da época antes de ser achado. “Já tem gente que está tentando desqualificar o relatório, acho que por um forte medo de ele aparecer, as pessoas estão criticando o documento sem ter lido”, acusa.

Suplícios 
O contexto desenvolvimentista da época e o ímpeto por um Brasil moderno encontravam entraves nas aldeias. O documento relata que índios eram tratados como animais e sem a menor compaixão. “É espantoso que existe na estrutura administrativa do país repartição que haja descido a tão baixos padrões de decência. E que haja funcionários públicos cuja bestialidade tenha atingido tais requintes de perversidade. Venderam-se crianças indefesas para servir aos instintos de indivíduos desumanos. Torturas contra crianças e adultos em monstruosos e lentos suplícios”, lamentava Figueiredo. Em outro trecho contundente, o relatório cita chacinas no Maranhão, em que “fazendeiros liquidaram toda uma nação”. Uma CPI chegou a ser instaurada em 1968, mas o país jamais julgou os algozes que ceifaram tribos inteiras e culturas milenares.
 
    

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Sabedoria dos Índios Lakota

native-alexdima
“A terra é profunda e a sua sabedoria é grande. Escute as pedras e escute o vento. Se todos fizessem algo pelos outros, não haveria ninguém necessitado em todo o mundo.”

No livro Nem Lobo, nem Cão. Por Caminhos Esquecidos com um Índio AnciãoKent Nerburn nos traz o testemunho e as palavras de um índio Lakota. De tempos em tempos, sempre vale a pena lembrar ou voltar a olhar para estas culturas tão diferentes do nosso próprio estilo de vida.
Mas você pode estar se perguntando, por quê? Talvez porque nunca é demais conhecer algo novo a cada dia, algo que tem a ver com a nossa natureza como seres humanos. Às vezes, sem perceber, costumamos nos encher de pressa com o café da manhã, nos amarrando com obrigações e preocupações enquanto fechamos as janelas àquilo que, possivelmente, nos dá oxigênio e luz. O que é verdadeiramente importante.
Os pensamentos dos índios Lakota estão enraizados nas coisas simples que fazem por si só, um autêntico legado psicológico que merece ser lembrado. Trata-se de um tipo de sabedoria que pode nos ajudar perfeitamente a desenvolver algumas competências sociais e pessoais.

A Sabedoria dos Índios Lakota


Audição ativa:
Os índios Lakota costumavam dizer que o homem branco sempre resolvia as coisas discutindo. Que eram incapazes de ouvirem uns aos outros para aprender. Esta é, sem dúvida, uma dimensão essencial em muitas perspectivas da psicologia atual: a escuta ativa.
“Nós índios sabemos do silêncio. Não temos medo dele. De fato, pra nós é mais poderoso do que as palavras. Nossos anciãos foram educados nos modos do silencio e eles nos transmitiram esse conhecimento. Observe, escute e então aja, nos diziam. Essa é a forma de viver.”

Capacidade de Aprendizagem:
Manter uma mente aberta, saber observar, aprender para se adaptar e sobreviver. Os índios Lakota viviam da natureza e compreendiam a necessidade de aprender todos os dias, com o seu meio e as pessoas, para avançar na sobrevivência.
O respeito era essencial para eles, por isso nunca entendiam por que o homem branco jamais conseguiu ter o mesmo ponto de vista deles.  
“Observe os animais para ver como cuidam das suas crias. Observe os anciãos para ver como se comportam. Observe ao homem branco pra ver o que ele quer. Sempre observe primeiro, com coração e mente quietos, e então você aprenderá. Quando você tiver observado suficientemente, então poderá agir”.

Solução de Conflitos:
Todos já lemos e inclusive aprendemos muitas das pautas redigidas em centenas de livros sobre a solução de conflitos, articuladas a partir de várias perspectivas psicológicas. Entre elas, estão a necessidade de saber ouvir de forma ativa, de ter empatia com o outro para compreender o seu ponto de vista, e de sermos suficientemente assertivos para colocar em voz alta os seus pensamentos e necessidades.
Os índios Lakota também tinham isso claro e tentaram transmiti-lo ao homem branco: a necessidade de ouvir, de guardar silêncio para entender uns aos outros.  
“Nas suas festas todos procuram falar. No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos e todos falam cinco, dez ou cem vezes. E a isso chamam de “resolver um problema”. Quando estão em um ambiente e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher os espaços com sons. Assim, falam por impulso, mesmo antes de saber o que vão dizer. 

Para os índios isto é uma falta de respeito e inclusive algo muito estúpido. Se você começar a falar, eu não vou lhe interromper. Quando você acabar, tomarei a minha decisão sobre o que você disse, tendo primeiro compreendido o seu ponto de vista.”

O valor que os Lakota atribuíam às palavras era essencial. Para eles “eram sementes para plantar e deixá-las crescer”. Talvez por isso chegaram a se entender e a manter-se tão unidos, tanto como povo, como unidade familiar. “Avis rara” para os homens brancos, que jamais tentaram compreender o porquê da sua tranquila e quietude, além da incompreensível harmonia e ar primitivo intimamente arraigado à natureza.

Pode ser que atualmente continuem nos parecendo estranhos e algo antiquados, mas o seu legado está coberto de grandes verdades e simples ensinamentos que merecem ser lidos e ouvidos com frequência. Em silêncio e para dentro de nós mesmos.
Para nos fazer refletir…
(por Daniela Corcuera | Via: A Mente é Maravilhosa | Imagem: Native por Alex Dima)


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- Veja mais em: http://despertarcoletivo.com/a-sabedoria-dos-indios-lakota/