OS RACISTAS
O racismo é uma das
formas mais odiosas de discriminação racial que pode haver na face da Terra. As
pessoas que no íntimo se consideram racistas, embora de público não admitam
essa possibilidade, têm por princípio justificar uma espécie de escravatura moderna
do ser humano.
Essa arbitrariedade
não atinge apenas as pessoas de cor, pois se estende também aos povos
indígenas, aos judeus e outras minorias. Por serem raças sem maior predomínio
nos vários campos de atividade humana, os homens que subjugam grande parcela
das economias e riquezas do Planeta, entendem que os demais povos devam se
submeter a sua opressão.
Embora se diga que no
Brasil não há racismo, ao menos abertamente, cientistas e estudiosos afirmam
que se depender de uma mudança de mentalidade, em favor dos negros, vamos ter que
aguardar por mais 500 anos.
Na verdade, se
focalizarmos a história das raças, seu preconceito e intolerância,
verificaremos que ela teve início quando o filósofo inglês Herbert Spencer,
mentor da frase “sobrevivência dos mais aptos,” entendeu que a vida em
sociedade é uma luta ‘natural.’
Com isso ele quis
dizer que é normal que vençam os mais fortes, tenham sucesso, riqueza e poder
social; aos fracos, os despojos do fracasso. E da sobrevivência dos mais aptos é
que surgiu a famosa obra “Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural,”
do cientista inglês Charles Darwin.
Os pensadores da sociedade capitalista da
época vincularam as teorias de Spencer e Darwin a ideologias eugenistas (
estudo, reprodução e melhoramento da raça humana) e racistas. Hitler, com seu
ideário de raça ariana foi um exemplo falido.
Desde então, as elites
dominantes, amparadas por vasta literatura preconceituosa, (leia-se “O
Espetáculo das Raças”, “O Caráter Nacional Brasileiro” e outros) segregam os
menos afortunados, deixando-os às margens do desemprego, do subemprego, da
pobreza, do analfabetismo, da miséria, da doença e de uma vida marginal.
Embora possamos formar
idéias próprias, elas não se encaixariam e nem traduziriam nos mesmos moldes os
nossos sentimentos, a respeito da realização de uma democracia racial no
Brasil, atualmente, conforme assevera a doutora em Psicologia pela USP, Maria
Augusta Bolsanello: “Pode-se dizer que o racismo é uma forma perversa de
violência contra a dignidade humana.”
“Bastam algumas
propagandas, algumas inverdades de caráter pseudocientífico, mas ditas com
seriedade e com o aval desta ou daquela personalidade, para que a visão
desumana de mundo seja aceita. Nasce então e arraiga-se o preconceito e a
intolerância, que logo se convertem em práticas inconscientes e cotidianas de
uma injustiça degradante.”
Nossa história semanal
mostra que apesar de haver pessoas que escondem seus sentimentos raciais, nem
todas se valem dessa faculdade abjeta: “Era
uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem
era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos
ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões.
Havia ali perto um
menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões.
Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um
amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista. O
menino, de olhar atento, seguia cada um. Ficava imaginando mil coisas... Uma
coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do
vendedor e perguntou-lhe:
– Moço, se o senhor
soltasse o balão preto ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor de balões
sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão
preto e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe: – Não é a cor, filho, é o
que está dentro dele que o faz subir”.
Moral da história: quem julga pelas aparências, também será julgado por elas.
Texto de RICHARD ZAJACZKOWSKI
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