sábado, 15 de agosto de 2015

OS RACISTAS


O racismo é uma das formas mais odiosas de discriminação racial que pode haver na face da Terra. As pessoas que no íntimo se consideram racistas, embora de público não admitam essa possibilidade, têm por princípio justificar uma espécie de escravatura moderna do ser humano.
Essa arbitrariedade não atinge apenas as pessoas de cor, pois se estende também aos povos indígenas, aos judeus e outras minorias. Por serem raças sem maior predomínio nos vários campos de atividade humana, os homens que subjugam grande parcela das economias e riquezas do Planeta, entendem que os demais povos devam se submeter a sua opressão.
Embora se diga que no Brasil não há racismo, ao menos abertamente, cientistas e estudiosos afirmam que se depender de uma mudança de mentalidade, em favor dos negros, vamos ter que aguardar por mais 500 anos.
Na verdade, se focalizarmos a história das raças, seu preconceito e intolerância, verificaremos que ela teve início quando o filósofo inglês Herbert Spencer, mentor da frase “sobrevivência dos mais aptos,” entendeu que a vida em sociedade é uma luta ‘natural.’
Com isso ele quis dizer que é normal que vençam os mais fortes, tenham sucesso, riqueza e poder social; aos fracos, os despojos do fracasso. E da sobrevivência dos mais aptos é que surgiu a famosa obra “Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural,” do cientista inglês Charles Darwin.
 Os pensadores da sociedade capitalista da época vincularam as teorias de Spencer e Darwin a ideologias eugenistas ( estudo, reprodução e melhoramento da raça humana) e racistas. Hitler, com seu ideário de raça ariana foi um exemplo falido.
Desde então, as elites dominantes, amparadas por vasta literatura preconceituosa, (leia-se “O Espetáculo das Raças”, “O Caráter Nacional Brasileiro” e outros) segregam os menos afortunados, deixando-os às margens do desemprego, do subemprego, da pobreza, do analfabetismo, da miséria, da doença e de uma vida marginal.
Embora possamos formar idéias próprias, elas não se encaixariam e nem traduziriam nos mesmos moldes os nossos sentimentos, a respeito da realização de uma democracia racial no Brasil, atualmente, conforme assevera a doutora em Psicologia pela USP, Maria Augusta Bolsanello: “Pode-se dizer que o racismo é uma forma perversa de violência contra a dignidade humana.”
“Bastam algumas propagandas, algumas inverdades de caráter pseudocientífico, mas ditas com seriedade e com o aval desta ou daquela personalidade, para que a visão desumana de mundo seja aceita. Nasce então e arraiga-se o preconceito e a intolerância, que logo se convertem em práticas inconscientes e cotidianas de uma injustiça degradante.”
Nossa história semanal mostra que apesar de haver pessoas que escondem seus sentimentos raciais, nem todas se valem dessa faculdade abjeta: Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões.
Havia ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguia cada um. Ficava imaginando mil coisas... Uma coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe:
– Moço, se o senhor soltasse o balão preto ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe: – Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir. Moral da história: quem julga pelas aparências, também será julgado por elas.

Texto de RICHARD ZAJACZKOWSKI






     

Nenhum comentário:

Postar um comentário