sábado, 13 de outubro de 2012

OS RACISTAS OS PRECONCEITUOSOS


OS RACISTAS
                                                                   Richard Zajaczkowski
O racismo é uma das formas mais odiosas de discriminação racial que pode haver na face da Terra. As pessoas que no íntimo se consideram racistas, embora de público não admitam essa possibilidade, têm por princípio justificar uma espécie de escravatura moderna do ser humano.
Essa arbitrariedade não atinge apenas as pessoas de cor, pois se estende também aos povos indígenas, aos judeus e outras minorias. Por serem raças sem maior predomínio nos vários campos de atividade humana, os homens que subjugam grande parcela das economias e riquezas do Planeta, entendem que os demais povos devam se submeter a sua opressão.
Embora se diga que no Brasil não há racismo, ao menos abertamente, cientistas e estudiosos afirmam que se depender de uma mudança de mentalidade, em favor dos negros, vamos ter que aguardar por mais 500 anos.
Na verdade, se focalizarmos a história das raças, seu preconceito e intolerância, verificaremos que ela teve início quando o filósofo inglês Herbert Spencer, mentor da frase “sobrevivência dos mais aptos,” entendeu que a vida em sociedade é uma luta ‘natural.’
Com isso ele quis dizer que é normal que vençam os mais fortes, tenham sucesso, riqueza e poder social; aos fracos, os despojos do fracasso. E da sobrevivência dos mais aptos é que surgiu a famosa obra “Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural,” do cientista inglês Charles Darwin.
 Os pensadores da sociedade capitalista da época vincularam as teorias de Spencer e Darwin a ideologias eugenistas ( estudo, reprodução e melhoramento da raça humana) e racistas. Hitler, com seu ideário de raça ariana foi um exemplo falido.
Desde então, as elites dominantes, amparadas por vasta literatura preconceituosa, (leia-se “O Espetáculo das Raças”, “O Caráter Nacional Brasileiro” e outros) segregam os menos afortunados, deixando-os às margens do desemprego, do subemprego, da pobreza, do analfabetismo, da miséria, da doença e de uma vida marginal.
Embora possamos formar idéias próprias, elas não se encaixariam e nem traduziriam nos mesmos moldes os nossos sentimentos, a respeito da realização de uma democracia racial no Brasil, atualmente, conforme assevera a doutora em Psicologia pela USP, Maria Augusta Bolsanello: “Pode-se dizer que o racismo é uma forma perversa de violência contra a dignidade humana.”
“Bastam algumas propagandas, algumas inverdades de caráter pseudocientífico, mas ditas com seriedade e com o aval desta ou daquela personalidade, para que a visão desumana de mundo seja aceita. Nasce então e arraiga-se o preconceito e a intolerância, que logo se convertem em práticas inconscientes e cotidianas de uma injustiça degradante.”
Nossa história semanal mostra que apesar de haver pessoas que escondem seus sentimentos raciais, nem todas se valem dessa faculdade abjeta: Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões.
Havia ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro, apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguia cada um. Ficava imaginando mil coisas... Uma coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe:
– Moço, se o senhor soltasse o balão preto ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe: – Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.
Moral da história: quem julga pelas aparências, também será julgado por elas.


 OS PRECONCEITUOSOS


O ser humano é a única criatura que tem o péssimo hábito de formar idéias preconcebidas a respeito de outras pessoas. Esse tipo de atitude mental quase sempre resulta na falta de uma reflexão mais séria. Outras vezes, ouviu dizer comentários desairosos sobre alguém e, ao invés de procurar mais informações, passa adiante o que escutou pela primeira vez.
Além disso, carrega consigo uma outra característica: a de acrescentar fatos e situações criadas pela sua mente doentia, ou seja, ele passa adiante uma fofoca, um fato inverídico e aumentado com sua própria fantasia.
 Há situações nas quais pessoas inescrupulosas gostam e se deleitam com o uso facultativo do cérebro, do intelecto para prejudicar e falar mal de quem elas detestam. Pessoas assim estão pouco ligando para o caráter dos outros, pois suas línguas viperinas a todo instante mancham a reputação de seus semelhantes.
Esse tipo de conduta por vezes gera uma certa preocupação nas pessoas de bem, pois elas quase sempre acabam sendo o que nunca foram, ou seja, ficam conhecidas por defeitos que não possuem e nem praticaram. Quanto a isso, há uma frase de cunho filosófico que diz:
Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação, porque seu caráter é quem você realmente é, enquanto sua reputação não passa do que os outros pensam de você. O mundo mental que criamos em torno da reputação de qualquer pessoa, sendo falso, é o primeiro passo para afastá-la de nós por meio da discriminação.
Discriminar é separar, ou seja, afastar do nosso convívio pessoas que sejam diferentes do nosso olhar preconceituoso, tais como deficiência física ou mental, de sexo, de raça, de cor da pele ou de conduta comportamental (homossexualidade, lesbianismo, etc).
Quando esse preconceito atinge a esfera das relações no trabalho ou no amor, para se sobressair, o ser humano se utiliza dos mais desprezíveis e abjetos sentimentos para satisfazer seus desejos: a inveja, o ódio, a mentira, a difamação e, não raras vezes, almejando até a morte de seus desafetos.
Nossa história mostra que se refletíssemos melhor, haveria menos preconceito e mais pessoas ligadas por interesses comuns: “Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho. – Olá! O que você está fazendo estirada na estrada? – Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?  
– Um sapo. Vamos brincar? E eles brincaram a manhã toda no mato. Vou ensinar você a pular. E eles pularam a tarde toda pela estrada. – Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco. E eles subiram. Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
– Obrigada por me ensinar a pular. – Obrigado por me ensinar a subir na árvore. Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar. – Quem ensinou isso a você? – A cobra, minha amiga. – Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular. – Quem ensinou isso a você? – O sapo, meu amigo. – Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso. No dia seguinte, cada um ficou em seu canto. – Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: ‘Se ele chegar perto, eu pulo e o devoro’. Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o mato. Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficavam sempre ao sol, pensando no único dia em que foram amigos.”
Moral da história: Se não existe harmonia entre as raças humanas, é porque somos os únicos seres que criamos nossos próprios obstáculos lá onde eles não existem.
              Richard Zajaczkowski, bacharel em Direito,
Oficial de Justiça Avaliador, jornalista
e membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão
E-mail: richard.zaja@uol.com.br
    

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