Por uma educação brasileira,
multicultural e inclusiva
Marcado por todo esse contexto, o projeto A Cor da Cultura pode ser traduzido como uma ação concreta na direção da implementação da Lei no 10.639/03.
Um projeto com uma perspectiva múltipla: histórias, músicas, compartilhamento de experiências, troca de reflexões, atualização de informações, subsí-
dios teóricos e práticos, formação de professores.
Este projeto pretende, em parceria com você, professor/a, contribuir para
a construção de uma educação brasileira multicultural, sem racismo e
inclusiva. Gostaríamos, dentro da perspectiva afro-brasileira ou afro-descendente, de convidá-lo a ler uma fábula africana de autoria de James Aggrey, um líder de Gana, que ficou conhecida no Brasil por ter sido recontada por Leonardo Boff. Ela pode ser uma metáfora de como vemos os envolvidos neste projeto:
A ÁGUIA E A GALINHA
“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um
pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um fi-
lhote de águia. Colocou-o no galinheiro, junto com as galinhas.
Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse
o/a rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um
naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
– De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha.
Ela não é mais uma águia. Transformou-se em uma galinha como
as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. Ela será sempre uma águia. Pois tem
um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
– Já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então, abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E
pulou para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma
águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente
amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa e
sussurrou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão,
pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito que ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá
sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda mais
uma vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo.
Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas e
dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os
picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não
à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida.
Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na
direção do Sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas asas, grasnou com um típico kaukau das águias e ergueu-se soberana sobre si mesma. E começou
a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou...
voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
E assim, quem sabe, como na música de Jorge Aragão, Coisa de Pele, poderemos, como naturalistas ou como águias, cantar:
“Podemos sorrir, nada mais nos impede
Não dá pra fugir dessa coisa de pele
Sentida por nós, desatando os nós
Sabemos agora, nem tudo que é bom
vem de fora...”
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
– Já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então, abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E
pulou para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma
águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente
amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa e
sussurrou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão,
pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito que ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá
sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda mais
uma vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo.
Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas e
dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os
picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não
à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida.
Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na
direção do Sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas asas, grasnou com um típico kaukau das águias e ergueu-se soberana sobre si mesma. E começou
a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou...
voou... até confundir-se com o azul do firmamento...
E assim, quem sabe, como na música de Jorge Aragão, Coisa de Pele, poderemos, como naturalistas ou como águias, cantar:
“Podemos sorrir, nada mais nos impede
Não dá pra fugir dessa coisa de pele
Sentida por nós, desatando os nós
Sabemos agora, nem tudo que é bom
vem de fora...”
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